quarta-feira, 26 de julho de 2017

Robert Fripp faz demonstração dos "Frippertronics" no Midnight Special, em 79

Se você é roqueiro já deve ter ouvido a expressão "Frippertronics". Mas o que realmente é isto? Em meados de 72, Fripp desenvolveu um complexo equipamento que consistia em repetir determinados efeitos de guitarra continuamente, mudando o tom e o modo como o mesmo era repetido, modificando e criando sons continuamente a partir do uso desse equipamento. Em outras palavras, os "Frippertronics" eram um sistema de "tape loop". Basicamente, era composto de 2 gravadores de rolo Revox A77, bastante modificados, conectados entre si e, quando o primeiro gravador era acionado, ele passava o áudio que foi gravado para o segundo gravador que, por sua vez, voltava tudo o que foi gravado para o primeiro gravador, criando assim um efeito de repetição. Deu para entender? Com isso, Fripp podia tocar sozinho ao vivo, sobre uma pré-gravação. Na década de 90, os Frippertronics passaram a utilizar o sistema digital (em vez de gravadores) e foram renomeados "Soundscapes".
Os chamados "álbuns Frippertrônicos" são:
1973 - “No Pussyfooting” (com Brian Eno)
1975 - “Evening Star” (com Brian Eno)
1981 - “Let the Power Fall: An Album of Frippertronics”
Em 1994, Fripp reativou os Frippertronics no álbum “Soundscapes – Live in Argentina”. Os Revox foram substituídos por dois TC 2290.
No dia 5/out/79, Robert Fripp, líder do King Crimson (e algumas vezes colaborador de Brian Eno), fez uma performance demonstração de seus "Frippertronics". A apresentação ocorreu no programa "The Midnight Special", do canal NBC. A canção tocada foi "The New World", que apareceria no LP "Robert Fripp And The League Of Crafty Guitarists: Live!", de 1986. Os Frippertronics eram, portanto, uma forma de "tape delay", não muito complicado de configurar, mas capaz de levar a resultados ricos em camadas e complexos, apenas com dois gravadores "reel-to-reel" gravando e reproduzindo loops de guitarra tocada ao vivo, para trás e para frente, entre um e outro. O tamanho do delay dependia da distância entre os dois gravadores e o sistema criava ecos muito mais longos que os que eram possíveis com os pedais de delay da época. Fripp explicou todo o sistema nessa entrevista (link aqui) dada ao jornalista canadense Ron Gaskin e publicada apenas dois meses antes da apresentação no "Midnight Special". Muito interessante, né? Assista abaixo ao vídeo da performance:

3 comentários:

  1. Fripp é um dos gênios da guitarra e da música em geral.

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  2. Não conheço de ouvido seus discos solo. Me atenho ao Crimson, que adoro todas as fases.

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  3. Isto é similar a usar um Ferrari para nos fazermos transportar pelas apertadas e sinuosas ruelas de Alfama... Ao que foram sujeitados estes esplêndidas máquinas de gravação... Um Revox não merece tal humilhação!...

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