terça-feira, 11 de julho de 2017

Ten Years After: Blues Rock inglês liderado pelo virtuoso Alvin Lee e mais conhecido por sua lendária apresentação no Woodstock (parte 1)

Em 1960, Alvin Lee (guitarra e vocais) e Leo Lyons (baixo) começaram a tocar numa banda chamada "Atomites", na área de Nottingham/Mansfield. Tendo recrutado o baterista Pete Evens, o cantor Ivan Jay e o guitarrista rítmico Roy Cooper, eles passaram a se chamar "Ivan Jay & The Jaymen". Em 1961, Ivan Jay e Roy Cooper saíram e a banda virou um trio. Eles encurtaram o nome para "The Jaymen". Em 1962, tornaram-se "The Jaycats" e depois "The Jaybirds".
Pete Evens foi substituído por Dave Quickmire. Em ago/1965, Rick Lee (líder e baterista da banda "The Mansfields" foi persuadido a deixar sua banda e ingressar nos Jaybirds. Em 1966, os Jaybirds migraram para Londres para trabalhar por um período como banda de apoio do "The Ivy League" (um trio de harmonias vocais) e foi quando o tecladista Chick Churchill entrou. Em 1967, a banda trocou o nome para "Blues Trip". Usando o nome "Blues Yard", eles fizeram um show no Marquee Club como banda de abertura para a Bonzo Dog Doo-Dah Band (uma banda de alunos de escola de arte que combinavam Jazz, psicodelia, humor surreal e vanguarda). Finalmente, mudaram mais uma vez o nome, agora para "Ten Years After", em homenagem a Elvis Presley, um ídolo de Alvin Lee (era o décimo ano após o grande sucesso de Elvis, em 1956). Alguns relatam que o nome foi tirado por Leo Lyons de um anúncio de revista sobre um livro, "Ten Years After The Suez" (sobre a crise no Oriente Médio).
Assinados com o empresário Chris Wright e sua agência de artistas (que logo criaria o selo Chrysalis Records, cujo nome era junção do nome de seus fundadores, Chris Wright e Terry Ellis), conquistaram uma temporada no Marquee e foram convidados para tocar no Windsor Jazz Festival, ainda em 67. A apresentação levou-os a conseguirem um contrato com a Deram (subsidiária da Decca - primeira banda a assinar com a Deram sem um hit single). 
Gravado em set/67 e lançado no mês seguinte, o álbum de estreia autointitulado "Ten Years After", foi um dos primeiros discos de Blues-Rock de músicos ingleses. Cheio de covers, as poucas faixas originais eram composições de Alvin Lee. Mas são dessa estreia alguns clássicos do repertório da banda: "Help Me" (de Ralph Bass, Willie Dixon e Sonny Boy Williamson), "Spoonful" (de Willie Dixon) e "I Can't Keep from Crying, Sometimes" (de Al Kooper). Não foi um sucesso, mas eles logo embarcaram numa turnê pela Escandinávia e EUA. Gravado ao vivo no pequeno Klooks Kleek (um clube de Jazz e R'n'B localizado no Railway Hotel, em West Hampstead, noroeste de Londres), no dia 14/mai/68, e lançado em ago/68, o segundo álbum, "Undead", combinou Blues, Boogie e Jazz e amplamente ilustrou o eclético uso de Alvin Lee da "escala pentatônica" (de 5 notas por oitava). Mais do que isto: ele continha "I'm Going Home", uma canção que lhes traria enorme fama, no ano seguinte após o Festival de Woodstock. Entretanto, o lado A tinha enorme força e destaque com suas duas extensas jams jazzísticas: "I May Be Wrong, But I Won't Be Wrong Always" e "Woodchopper's Ball" (cover de Woody Herman), ambas destacando o guitarrista Alvin Lee e sua incrível velocidade e técnica. O lado B abria com um longo e lento Blues típico da época (com um solo de bateria) e fechava com a festa Rock'n'Roll de "I'm Going Home", com seus 6 minutos de atropelamento total da guitarra.
Gravado em set/68 e lançado em fev/69, "Stonedhenge" foi o segundo álbum de estúdio. "I'm Going Home" havia colocado-os nas paradas (pelo menos, na Inglaterra) e o quarteto já experimentava buscando maneiras de expandir seu formato de Boogie Blues Rock básico. Produzido por Mike Vernon, percebe-se a banda numa direção mais Jazz e Blues, porém sem perder o conceito original. No entanto, a coisa nem sempre funcionava: as quatro faixas curtas que apresentavam cada um dos músicos sozinhos em seus instrumentos podiam até ser uma ideia interessante, mas acabavam não dando gel. Por outro lado, o álbum abrigava algumas performances arrasadoras do grupo, que estava alcançando seu auge. O Canned Heat, para quem o Ten Years After havia aberto shows nos EUA e que também estava tentando ampliar o formato Boogie, era uma clara e grande influência (vide, por exemplo, a faixa "Hear Me Calling", que foi single). Alvin Lee mantinha seus dedos sob controle preferindo um estilo mais orgânico (canções como "A Sad Song" conseguiam criar tensão sem precisar de velocidade da guitarra nos solos). Os oitos minutos de "No Title" pegavam o TYA básico, mas lentamente criava uma atmosfera por três minutos até Alvin Lee desencadear uma extensão tensa sobre o riff principal, que cria terreno para o solo de órgão de Chick Churchill. Rolava uma primitiva manipulação de fita, mas com resultados bacanas e a faixa "Speed Kills" voltava ao básico, talvez para deixar claro aos fãs de que eles sabiam fazer apenas Rock, quando necessário. Naquele jul/69, o grupo participou do Newport Jazz Festival, o primeiro em que bandas de Rock foram convidadas. Em 26-27/jul/69, eles participaram do Seattle Pop Festival e em 17/ago/69, às 20:15 da noite, eles fizeram aquela que seria a apresentação eternamente lembrada: no Woodstock Festival. A ferocidade e a intensidade da versão de "I'm Going Home" com arrepiantes dez minutos (um dos maiores momentos de toda a história do Rock), capturada tanto no filme, quando na trilha sonora (LP triplo), catapultou-os ao estrelado internacional instantaneamente. 

2 comentários:

  1. Fantástica, mais uma série com uma banda seminal para conhecermos seus detalhes e bastidores de sua história. Além da rica discografia. Dessa fase inicial, destaco o primeiro álbum, muito bom para o período. Blues britânico na veia. Undead e Stonedhenge também são ótimos, embora eu não os tenha em minha coleção (ainda), uma falha imperdoável. Mas os conheço bem.

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  2. Isso aí, querido brow. Sempre bom lermos e repassarmos a história, a discografia e os "causos" dessas bandas seminais do Rock. E, haja grana, para lembrar-nos de pepitas esquecidas a serem ainda incorporadas em nossas discotecas! ré-ré-ré...

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