sábado, 12 de agosto de 2017

Netflix

Pelo jornalista Luiz Antônio Mello (Flu-FM).
O Estado do Rio elegeu (empoderou, como dizem os “muderninhos” politicamente corretos) uma constelação de medíocres (e safados) e isso aqui virou guerra civil. Agora não sabemos, sequer, se vamos conseguir sair de casa, o que dirá voltar. Os governantes assaltaram os cofres públicos até o talo e decretaram um oportunista “estado de calamidade pública”.

Sicário, o governador do RJ pediu tapa na cara quando alugou jatos de uma empresa de táxi aéreo por R$ 2,5 milhões por mês. Isso mesmo! Com gente morrendo de fome sem receber salário. Saiu nos jornais de hoje.

Recentemente um americano foi assaltado em Ipanema. O bandido levou tudo e, não satisfeito, deu quatro tiros de pistola nove milímetros na vítima. Não acertou nenhum e ainda levou uma surra do americano. Na delegacia a vítima voltou a ver o bandido, teve um ataque de fúria e, pasme, foi preso. Sim, no Rio o turista leva quatro tiros e acaba em cana. Só rindo. O americano volta amanhã para Nova Iorque jurando nunca mais pisar aqui. Culpa dele? Não sabia que a “cidade maravilhosa” caminha para ser um novo Afeganistão, com todo o respeito que tenho pelo Afeganistão?

No rastro do emporcalhamento político administrativo do Rio, muitas empresas alegam “é a crise...” (sempre ela) e investem no que há de pior (e mais barato) em mão de obra desqualificada, o que garante uma boa alavancada nos lucros.

É quando a vítima, já farto do estelionato político, resolve espairecer, quem sabe pegar um cineminha. Tudo bem. Entra no carro (tem que ser um modelo popular para não atrair o verdadeiro governante, o bandido), paga quase 15 reais de estacionamento no cinema (se deixar na rua perde o carro, ou metem uma arma na cabeça dele) e compra o ingresso (R$ 31,00), apesar da sala de espera estar quente porque parece que o ar condicionado não está funcionando direito (mentira, é economia de luz).

Próxima etapa: comprar um saco médio de pipoca e uma garrafinha de água mineral pequena: R$ 15,00. Entra na fila, espera, espera, espera, chega a sua vez. Pega a pipoca, a água e caminha para a entrada do cinema onde um funcionário diz que o sistema de projeção pifou.

Podiam ter avisado antes? Sim. Mas sabem como é a incompetência. Antes de ir para a roubada a vítima tentava falar com o cinema por telefone, mas ninguém atendia. Podiam ter avisado na bilheteria? Podiam. Ou, quem sabe, lá fora no estacionamento para a vítima não morrer em R$ 12,00. Afinal, vivemos um tempo de fartura tecnológica. O sujeito peida aqui e sentem o fedor em Bangladesh.

O pessoal do estacionamento explica (?) que devido aos assaltos agora os clientes tem que pagar antes de entrar e não na saída. Consolo: um rabisco no ingresso autorizando a entrada em outro dia, quando o sistema provavelmente voltará funcionar. Ou, então, pegar o dinheiro de volta, como determina o Código de Defesa do Consumidor.

A vítima chega em casa, entra na página do cinema no Facebook e reclama. Horas depois uma pessoa sem nome que se identifica apenas com o modernoso e pomposo título de “equipe de comunicação de mídias sociais” diz que “vamos apurar o ocorrido para lhe responder adequadamente”. Ninguém assina. E ninguém diz nada um dia depois. Meses depois. Nunca mais.

Dia seguinte. Apesar de ter percebido que entrou em festa de vara fantasiada de bunda a insistente vítima retorna ao cinema com o ingresso rabiscado. Fila na entrada da sala. Quando chega a sua vez, o porteiro (na verdade peão do gado bípede), mal humorado diz “tem que pegar a autorização na bilheteria” e desconsidera o rabisco. A vítima caminha até a bilheteria, consegue validar o ingresso e finalmente entra no cinema...onde está sente um pouco de calor, provavelmente porque o ar condicionado está com problemas (mentira, é economia de luz – 2 -.) Parece até prefeitura.

Por isso é melhor ficar em casa e assistir Netflix, ou ir na casa de amigos. Para começar, não há estresse. Depois, a economia. Nessa odisseia descrita acima a vítima desembolsou, no total: consumo de saúde – imensurável; R$ 31,00 do ingresso, mais R$ 12,00 do estacionamento, mais R$ 15,00 da pipoca, mais R$7,00 da gasolina. Total? R$ 65,00.

Um mês de Netflix (isso mesmo, um mês!) custa em torno de R$ 28,00 com um invejável cardápio de filmes e séries, sem estacionamento, aporrinhação, gente mal humorada, ar condicionado “pifado”, etc. Fora o Netflix, o sistema de aluguel de filmes do You Tube é bom e está disponível para TVs com aceso a internet. Lá você assiste, por exemplo “O Regresso” pagando R$ 10,00, por 24 horas, “Elvis & Nixon”, R$ 14,00, enfim, um gigantesco catálogo de filmes.

Não é só ir ao cinema que virou rali. Em qualquer grande casa de shows no Rio paga-se em torno de R$ 100,00 para assistir pelo telão, já que lá de trás não se enxerga (e ouve) nada. Mas quem quiser desembolsar R$ 250,00 ou R$ 300,00 assiste lá na frente, onde muita gente fica batendo papo de costas para o artista no palco e teclando no whatsapp. Fora estacionamento, gasolina, provável congestionamento.

É por isso tudo que tirar as pessoas de casa em tempos de “molambalização” dos caríssimos serviços está cada vez mais difícil. E, diz a lenda, a tendência e piorar.
Retirado do site http://colunadolam.blogspot.com.br/2017/08/netflix.html

2 comentários:

  1. Pura verdade, narrada com requintes de sinceridade pelo mr. Flu FM. Guardadas as proporções, tá acontecendo em qualquer lugar. Aqui em JF pouco tenho saído de casa para não me aporrinhar com serviços mal prestados e conviver com pessoas mal educadas e sem noção de coletividade. Netflix virou aliada mesmo.

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  2. Sim, tô na mesma, prefiro ficar em casa a ter que aturar gente mal educada, péssimos e caros serviços, fora os perigos. Lá vem o BR descendo a ladeira...

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