Como eu já esperava, recebi apoio e muitas críticas pelo artigo que escrevi a respeito da minha atitude em anular o meu voto nas eleições de domingo passado – e que repetirei no 2º turno da eleição presidencial -, texto este que você pode ler aqui . Não mudo uma vírgula sequer do que escrevi, muito menos agora em que recebo um vídeo que me provocou uma indignação que há muito eu não sentia. Nele, três sujeitos entrevistam o ex-jogador Jardel, ex-atacante do Grêmio, que recebeu inacreditáveis 41.227 votos e foi eleito deputado estadual pelo Rio Grande do Sul, para um quadro chamado “Na Chincha”, para o jornal Zero Hora, de Porto Alegre. Por favor, assistam até o final:
Aparentando ter entornado uns galões de “água que passarinho não bebe”, o sujeito consegue deixar seus entrevistadores em um ponto de constrangimento que chega a dar pena dos três. Sem saber o que dizer e não falando coisa com coisa, Jardel provavelmente nem sabe onde ele está. Demonstrando uma profunda ignorância em relação a tudo o que lhe é perguntado, dá para sacar que ele fugiu da escola como o Diabo foge de um crucifixo.
Agora eu lhe pergunto: como você quer que eu ou qualquer outra pessoa que tenha a mesma postura de anular o voto passe a acreditar em um modelo eleitoral e político que premie um sujeito sem qualquer proposta política, que aceitou a proposta de um partido - no caso, o PSD – única e exclusivamente para arrecadar votos de eleitores ignorantes e se dar bem financeiramente?
O Brasil nunca primou pela excelência de políticos não apenas porque como bem disse o Pelé décadas atrás, em um raríssimo momento de sensatez fora dos campos, “o brasileiro não sabe votar”, mas também porque nunca foi feita uma reforma política que propiciasse a eleição de gente capacitada e não este festival de aberrações que vemos a cada quatro anos, com vereadores, deputados e senadores que deveriam estar atrás das grades caso morássemos em um país realmente sério e honesto. Nossa pretensa “criatividade”, nestas horas, é canalizada para o lado mau da civilidade…
É por isto que jogadores de futebol, artistas e subcelebridades são facilmente cooptados por partidos políticos desonestos, que usam estes “peões” apenas para garantir que a popularidade destes patetas faça com que a legenda receba muitos votos. Propostas sérias? Isto não cabe aqui…
É óbvio que há exceções. Como Romário, que fez um ótimo trabalho em prol dos deficientes e foi melhor ainda na cobrança contra os desmandos e falcatruas da CBF e do Comitê Olímpico Brasileiro - não foi à toa que ele foi eleito senador pelo Rio de Janeiro com mais de quatro milhões de votos. Mas é muitíssimo pouco para que deixemos de ser alvo de chacota internacional quando correspondentes estrangeiros revelam em matérias contundentes o quanto encaramos as nossas eleições como uma verdadeira palhaçada.
Enquanto não houver uma profunda e radical reforma política, continuaremos a ver a quantidade de votos em branco e nulos crescer vertiginosamente. Acostume-se…
Retirado do site https://br.noticias.yahoo.com/blogs/mira-regis/o-brasil-esta-cheio-de-jardeis-e-a-culpa-e-nossa-200524464.html
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