segunda-feira, 28 de setembro de 2015

Resenha: New Order - "Music Complete"

Para este novo trabalho, "Music Complete" (lançado na semana passada, dia 25/set), nono álbum da banda e o primeiro em uma década, o New Order assinou com um novo selo (Mute) e contou com a volta de sua tecladista original, Gillian Gilbert (ausente desde 2001). Infelizmente, o baixista original Peter Hook, que saiu em 2007, permanece fora e as funções do baixo foram cumpridas por Tom Chapman. A volta de Gilbert é uma pista de que a banda olhou para o passado buscando inspiração, abandonando (em parte) o Rock com orientação para guitarras de seus dois últimos álbuns, tentando algo mais balanceado e até mais eletrônico, voltado para as pistas de dança. Eles até trouxeram Tom Rowlands (do Chemical Brothers), além de Richard X e Stuart Price para produzir o disco. Não foram, claro, escolhas ousadas, nem inovadoras, mas elas resultaram em alguns dos destaques de "Music Complete". Rowlands, por exemplo, injeta na faixa "Singularity" a pegada/batida típica dos Chemical Brothers (vira um crossover curioso), enquanto em "Unlearn This Hatred" ganha um estilo apaixonado e bem Dance. "Plastic", mixada por Richard X (conhecido por suas produções de música sintética, pop e grungy), é o momento mais New Wave do álbum, cheia de elementos eletrônicos (pense "Blue Monday") e alguns sequenciadores retrô. No geral, os caras do New Order surpreendem ao produzir canções com um ar bem mais alegre e jovial do que poderia-se esperar deles, nesta altura do campeonato. "Tutti Frutti" é puro Electro-Disco, bem complexa, com linha de baixo totalmente eletrônica, alguns teclados vintage de Gilbert e a participação vocal de Elly Jackson (do La Roux). Ela também participa de "People On The High Line", provavelmente a faixa mais funky que o New Order já gravou, cheia daquele baixo cheio e estalado, piano, palmas e batida tipo "NYC summer night". Outros convidados ilustres são Brandon Flowers (do Killers), que faz os vocais principais em "Superheated" (bem diferente do verdadeiro estilo New Order), e Iggy Pop, que narra letras sobre a batida na esquisita "Stray Dog" (lembra muito o que Vincent Price fez em "Thriller", de Michael Jackson). As faixas baseadas mais em guitarra, sempre melancólica, são menos interessantes, com apenas "Restless" conseguindo emular um pouco do estilo clássico do New Order. As outras soam como fillers, com letras tremendamente banais (até mesmo para o padrão Bernard Summer) e sintetizadores que só servem para pesar mais um som já excessivamente cheio de elementos. Difícil dizer o que é mais desapontador, as canções ou a sonoridade, mas fica claro que o baixo de Hook teria feito uma enorme diferença. Chapman tenta seu melhor sem soar como Hook, mas não dá para comparar com as linhas roqueiras poderosas e insubstituíveis do estilo palhetado do baixista original. O New Order sem Hook é como Joy Division sem Ian Curtis, fica genérico sem uma das marcas registradas da banda. As canções novas são ruins? Não, mas fica faltando personalidade, aquela faísca a lhes dar reconhecimento imediato e eterno (exatamente como o álbum anterior, "Waiting For The Sirens' Call", de 2005), ainda que aqui e acolá se vislumbre um breve brilho do que já foi um dia.

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