quinta-feira, 24 de setembro de 2015

Rock 2015: Speedy Ortiz, Sufjan Stevens e Sun Kil Moon

Speedy Ortiz – "Foil Deer"
Em uma sociedade cada vez mais preocupada com os padrões maçantes de estética musical para se transformar num lixo Pop, há quem diga que o espírito Grunge ou até mesmo o Grrrl Power estão mortos e enterrados. Mas depois do momento de ressurreição que passamos recentemente no calendário, toda a angry voice e melodias distorcidas com uma lírica impecável está renascida no novo álbum do Speedy Ortiz. Para quem não conhece, um wiki básico. Quatro integrantes, sendo que a vocal/guitarrista/compositora é Sadie Dupuis, que mistura a doçura na voz com a voracidade nos dedos para compor. Lançaram um EP, que foi feito no laptop, e debutaram com "Major Arcana", no ano retrasado. Resumindo sonoramente: é um som com uma construção de melodia digna de Pavement combinada com a raiva do Nirvana. "Foil Deer" dá continuidade à toda essa sonoridade da banda, que fica cada vez mais afiada. Experimente... quem sabe você gosta?
Sufjan Stevens – "Carrie & Lowell"
Após ter passado por fases de experimentação em sua carreira, Sufjan Stevens abraça suas raízes, finalmente. "Carrie & Lowell" é uma homenagem à falecida mãe do artista, com o qual o mesmo teve uma relação conturbada. O disco é a obra mais intimista de Sufjan, que reflete sobre morte, amor, ódio e nós mesmos. “Fourth Of July” fala especificamente sobre a morte da mãe, de forma carinhosa, ao mesmo tempo que o artista reflete que a vida precisa ser aproveitada ao máximo – com a premissa de que todos morreremos. Porém, mesmo em momentos conturbados, podemos presenciar coisas belas na vida, como dito nos versos finais de “Should Have Know Better”:
“Don’t back down: Nothing can be changed, Cantilever bridge, the drunken sailor, My brother had a daughter, The beauty that she brings, illumination”
Nas onze faixas que compõem sua obra, Sufjan passa por uma overdose de sentimentos, uma explosão de emoções que todos nós podemos nos identificar, o motivo que torna este o melhor trabalho do artista. Mesmo intimista, Stevens consegue exprimir o que todos já passamos ou passaremos – objetivo que poucos conseguem alcançar com perfeição. Experimente... quem sabe você gosta?
Sun Kil Moon – "Universal Themes"
O cantautor confessional Mark Kozelek entrega mais um álbum de beleza ímpar. Zangado, sombrio, cheio de alternâncias de violão (ritmado ou dedilhado na dinâmica Kozelek) e voz, para gritos e guitarras, vocais dobrados, bateria singela. É um disco cru, quem gosta de mais produção e recortes vai se desapontar com o resultado. É um disco urgente e minimalista, as letras sobressaem, as emoções precisavam e foram escarradas por Kozelek na cara do ouvinte. Leia a letra de “Cry Me a River Williamsburg Sleeve Tattoo Blues” e entenda esta tônica. Aqui, ele tira um sarro aberto da cara de hispters do Brooklyn que ficam de mimimi, sendo haters e odiando a vida e bandas que não tocam mais as músicas de 1992.
“Went to see a band tonight
And they wouldn’t play my favorite tunes
It’s 2012 but I like the ones from 1992
There was no place to sit
And goddamn it
I couldn’t use my phone
And fuck if the singer didn’t joke”
Depois, ele conta histórias de infortúnios fornecendo o nome completo, de pessoas que ele conheceu e morreram de tiro ainda bem jovens, ou com deficiências físicas de nascimento. E se dirige aos seus ouvintes, ao menos o recado serve para alguns deles, desta forma:
“You go quack quack quack quack, Quack quack quack, Like a little rubber duck, Like a pathetic whiny sad little child hater boy fuck, Go in on your analyst, Little petty bitch bitch bitch bitch bitch
Be glad you’re not a motherfucker sleeping in the ditch, Sleeping in the streets, Sleep in your own vomit, Sleep in your own piss”
Poucos conseguem fazer isto e ainda soar tão bem. Ponto para Sun Kil Moon em "Universal Themes", que consegue se manter, de outra forma, em alto nível, como foi com o grande Benji, em 2014. Kozelek é uma pessoa terrível e amargurada, mas se não for um gênio, é algo bem próximo disto. Experimente... quem sabe você gosta?
Volto semana que vem com mais indicações de boas novidades.

Um comentário:

  1. Gostei do Sufjan, mesmo sem me empolgar tanto. Mas Speedy Ortiz está longe da pegada grrrl power. Mais um popzinho com distorção sob medida. Sun Kil Moon é interessante, não é um som fácil, me lembra algo do bardo Tom Waits. Não investiria em mídia dessas bandas, mas nada contra tê-las em mp3 para ocasionais audições on the road.

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