Em uma sociedade cada vez mais preocupada com os padrões maçantes de estética musical para se transformar num lixo Pop, há quem diga que o espírito Grunge ou até mesmo o Grrrl Power estão mortos e enterrados. Mas depois do momento de ressurreição que passamos recentemente no calendário, toda a angry voice e melodias distorcidas com uma lírica impecável está renascida no novo álbum do Speedy Ortiz. Para quem não conhece, um wiki básico. Quatro integrantes, sendo que a vocal/guitarrista/compositora é Sadie Dupuis, que mistura a doçura na voz com a voracidade nos dedos para compor. Lançaram um EP, que foi feito no laptop, e debutaram com "Major Arcana", no ano retrasado. Resumindo sonoramente: é um som com uma construção de melodia digna de Pavement combinada com a raiva do Nirvana. "Foil Deer" dá continuidade à toda essa sonoridade da banda, que fica cada vez mais afiada. Experimente... quem sabe você gosta?
Após ter passado por fases de experimentação em sua carreira, Sufjan Stevens abraça suas raízes, finalmente. "Carrie & Lowell" é uma homenagem à falecida mãe do artista, com o qual o mesmo teve uma relação conturbada. O disco é a obra mais intimista de Sufjan, que reflete sobre morte, amor, ódio e nós mesmos. “Fourth Of July” fala especificamente sobre a morte da mãe, de forma carinhosa, ao mesmo tempo que o artista reflete que a vida precisa ser aproveitada ao máximo – com a premissa de que todos morreremos. Porém, mesmo em momentos conturbados, podemos presenciar coisas belas na vida, como dito nos versos finais de “Should Have Know Better”:
“Don’t back down: Nothing can be changed, Cantilever bridge, the drunken sailor, My brother had a daughter, The beauty that she brings, illumination”
Nas onze faixas que compõem sua obra, Sufjan passa por uma overdose de sentimentos, uma explosão de emoções que todos nós podemos nos identificar, o motivo que torna este o melhor trabalho do artista. Mesmo intimista, Stevens consegue exprimir o que todos já passamos ou passaremos – objetivo que poucos conseguem alcançar com perfeição. Experimente... quem sabe você gosta?
Sun Kil Moon – "Universal Themes"
O cantautor confessional Mark Kozelek entrega mais um álbum de beleza ímpar. Zangado, sombrio, cheio de alternâncias de violão (ritmado ou dedilhado na dinâmica Kozelek) e voz, para gritos e guitarras, vocais dobrados, bateria singela. É um disco cru, quem gosta de mais produção e recortes vai se desapontar com o resultado. É um disco urgente e minimalista, as letras sobressaem, as emoções precisavam e foram escarradas por Kozelek na cara do ouvinte. Leia a letra de “Cry Me a River Williamsburg Sleeve Tattoo Blues” e entenda esta tônica. Aqui, ele tira um sarro aberto da cara de hispters do Brooklyn que ficam de mimimi, sendo haters e odiando a vida e bandas que não tocam mais as músicas de 1992.
“Went to see a band tonight
And they wouldn’t play my favorite tunes
It’s 2012 but I like the ones from 1992
There was no place to sit
And goddamn it
I couldn’t use my phone
And fuck if the singer didn’t joke”
Depois, ele conta histórias de infortúnios fornecendo o nome completo, de pessoas que ele conheceu e morreram de tiro ainda bem jovens, ou com deficiências físicas de nascimento. E se dirige aos seus ouvintes, ao menos o recado serve para alguns deles, desta forma:
“You go quack quack quack quack, Quack quack quack, Like a little rubber duck, Like a pathetic whiny sad little child hater boy fuck, Go in on your analyst, Little petty bitch bitch bitch bitch bitch
Be glad you’re not a motherfucker sleeping in the ditch, Sleeping in the streets, Sleep in your own vomit, Sleep in your own piss”
Poucos conseguem fazer isto e ainda soar tão bem. Ponto para Sun Kil Moon em "Universal Themes", que consegue se manter, de outra forma, em alto nível, como foi com o grande Benji, em 2014. Kozelek é uma pessoa terrível e amargurada, mas se não for um gênio, é algo bem próximo disto. Experimente... quem sabe você gosta?
Gostei do Sufjan, mesmo sem me empolgar tanto. Mas Speedy Ortiz está longe da pegada grrrl power. Mais um popzinho com distorção sob medida. Sun Kil Moon é interessante, não é um som fácil, me lembra algo do bardo Tom Waits. Não investiria em mídia dessas bandas, mas nada contra tê-las em mp3 para ocasionais audições on the road.
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