Provavelmente, o que tenha lhe chamado a atenção seja os novos mixes estéreo e 5.1 e já vou dizendo: foram considerados absolutamente incríveis! Se você nunca viu vantagem em ouvir esses discos clássicos na versão 5.1, desta vez você será convencido do contrário. Ouvir "Sgt. Pepper's" com efeitos 'surround' é algo como uma revelação sonora e uma experiência audiófila transcendental. Aliás, o "Sgt. Pepper's" sempre foi um álbum muito bem gravado, afinal foi gravado em um dos melhores estúdios do mundo por talvez o melhor produtor que já existiu. Ainda assim, as cinco caixas e um subwoofer juntos geram um resultado bem diferente do que estávamos acostumados a ouvir. A música, que emprega uma das mais originais e variadas paletas sonoras já reunidas, é nítida, acurada, firme, vívida, numa dimensão que talvez você nunca tenha imaginado ser possível. Na época da gravação original, limitados pelas 4 trilhas disponíveis tecnicamente, os Beatles e George Martin criaram fitas com overdubs e com efeitos sonoros e depois utilizaram-nas no conjunto que virou a 'stereo master' e o 'mono mix'. No mundo das fitas analógicas, cada cópia acaba introduzindo ruído, abafamento e perda de detalhamento. Giles Martin, filho de George Martin, e sua equipe foram atrás dos rolos de fitas originais (aquelas antes dos overdubs, apenas em 4 trilhas) e remontaram "Sgt. Pepper's" desde sua origem nas fitas-base que estavam nos cofres da EMI. O resultado, tanto no novo mix estéreo, quanto no tratamento 'surround', é inacreditável. Desde os momentos iniciais com o som do frenesi do público no começo de um show de Rock, você já percebe que está para experimentar algo especial, o que os audiófilos chamam de "eargasm". É como se você estivesse lá no meio do público gritando e pulando. Conforme a estória é contada, os Beatles e George Martin levaram 3 semanas para gravar o mix em mono e, depois disto, a banda deixou-o sozinho e ele criou a versão em estéreo em apenas 3 dias. Em 1967, o estéreo ainda era visto como um truque (assim como o 5.1 é visto hoje). A maioria das pessoas só tinha o equipamento mono para ouvir. George Harrison, certa vez, descreveu como os Beatles se sentiram ao ouvir sua música em estéreo: "as versões em estéreo sempre soavam 'menos' para nós". Em 1968, o som mono começou rapidamente a ser eclipsado e a versão estéreo de "Sgt. Pepper's" tornou-se a versão-base. Muita gente nunca nem ouviu a versão mono e agora tendo a oportunidade (e a chance de comparar as duas versões, mono e estéreo) fica claro que os Beatles tinham razão e que a versão estéreo soa realmente muito mais fraca que a mais trabalhada versão mono. O baixo de Paul McCartney fica muito menos focado e forte. O mesmo pode-se dizer da bateria de Ringo. A versão estéreo que acostumamos a ouvir tem um som mais achatado e soa como se os caras não estivessem ali lado a lado tocando juntos. A nova versão estéreo corrige essas deficiências dentro das expectativas sônicas do século 21, dentro dos modernos sistemas de áudio. O baixo de Macca soa ágil, super definido, mais encorpado e emborrachado. As batidas de Ringo e seu tarol surgem fortes com total definição de detalhes para os pratos e chimbau. As batidas menores nunca ficam sumidas, nem confusas. Agora, a seção rítmica é vibrante. No mix 5.1, a coisa fica mais ampla ainda, embora os mixes de Giles Martin guardem total respeito para com o original mix mono de seu pai e dos Beatles. No 5.1, é possível ao ouvinte detectar as vozes individuais de cada Beatle no meio daquelas densas harmonias em camadas. É como penetrar fundo na criação da música. Efeitos sonoros, como os sons circenses em "Being For The Benefit Of Mr. Kite" tornam-se particularmente tridimensionais. As cítaras e as tablas em "Within You, Without You" parecem folhas psicodélicas caindo ao seu redor e ninguém pode acusar Giles Martin de inventar já que tudo já estava ali. Nem mais, nem menos. Se você procura por algo mais espetacular do que o 5.1 nos vídeos do "Beatles #1", de 2015, pode-se afirmar que o novo 5.1 de Giles vai além, fornecendo imersão maior, sem soar artificial. Rola muita diferença entre os canais com a música que sai das duas caixas. Provavelmente, até mesmo o cara mais ranzinza do mundo não considerará 'sacrilégio' este mix. Alguns especialistas disseram: "a nova edição de 'Sgt. Pepper's" é como ir do VHS para o 4K". Uau. Veja bem: "Sgt. Pepper's" nunca soou ruim, nunca. Mas realmente é algo como se você comparasse assistir um DVD em 1999 numa TV de tubo com ver um Blu-ray 4K numa TV atual idem com tela OLED, mais um conjunto completo de caixas e o subwoofer furunfando o som 5.1. Em resumo, esta nova edição de 50 anos de "Sgt. Pepper's" soa absolutamente maravilhosa no sentido de que ela causa maravilhamento de verdade. Não há qualquer senão, nem um efeito sonoro fora do lugar, nem um detalhe fraco no todo. Perfeição? Hum, nunca se sabe até onde o homem poderá levar as coisas, mas após ouvir a caixa é óbvio quão titânico foi aquele trabalho dos Beatles. Que trabalho genial! Que enorme façanha! Giles Martin merece elogios pelo que conseguiu: talvez a versão definitiva para este álbum. Uma versão que faz justiça ao gênio criativo dos Beatles e ao gênio criativo de George Martin. É como se o velho tornasse-se novo. Veredito: vale muito a pena desembolsar uma pequena fortuna e incorporar essa maravilha na sua estante. Haja grana!
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quinta-feira, 8 de junho de 2017
A nova versão de "Sgt. Pepper's" dos Beatles vale mesmo a pena?
Provavelmente, o que tenha lhe chamado a atenção seja os novos mixes estéreo e 5.1 e já vou dizendo: foram considerados absolutamente incríveis! Se você nunca viu vantagem em ouvir esses discos clássicos na versão 5.1, desta vez você será convencido do contrário. Ouvir "Sgt. Pepper's" com efeitos 'surround' é algo como uma revelação sonora e uma experiência audiófila transcendental. Aliás, o "Sgt. Pepper's" sempre foi um álbum muito bem gravado, afinal foi gravado em um dos melhores estúdios do mundo por talvez o melhor produtor que já existiu. Ainda assim, as cinco caixas e um subwoofer juntos geram um resultado bem diferente do que estávamos acostumados a ouvir. A música, que emprega uma das mais originais e variadas paletas sonoras já reunidas, é nítida, acurada, firme, vívida, numa dimensão que talvez você nunca tenha imaginado ser possível. Na época da gravação original, limitados pelas 4 trilhas disponíveis tecnicamente, os Beatles e George Martin criaram fitas com overdubs e com efeitos sonoros e depois utilizaram-nas no conjunto que virou a 'stereo master' e o 'mono mix'. No mundo das fitas analógicas, cada cópia acaba introduzindo ruído, abafamento e perda de detalhamento. Giles Martin, filho de George Martin, e sua equipe foram atrás dos rolos de fitas originais (aquelas antes dos overdubs, apenas em 4 trilhas) e remontaram "Sgt. Pepper's" desde sua origem nas fitas-base que estavam nos cofres da EMI. O resultado, tanto no novo mix estéreo, quanto no tratamento 'surround', é inacreditável. Desde os momentos iniciais com o som do frenesi do público no começo de um show de Rock, você já percebe que está para experimentar algo especial, o que os audiófilos chamam de "eargasm". É como se você estivesse lá no meio do público gritando e pulando. Conforme a estória é contada, os Beatles e George Martin levaram 3 semanas para gravar o mix em mono e, depois disto, a banda deixou-o sozinho e ele criou a versão em estéreo em apenas 3 dias. Em 1967, o estéreo ainda era visto como um truque (assim como o 5.1 é visto hoje). A maioria das pessoas só tinha o equipamento mono para ouvir. George Harrison, certa vez, descreveu como os Beatles se sentiram ao ouvir sua música em estéreo: "as versões em estéreo sempre soavam 'menos' para nós". Em 1968, o som mono começou rapidamente a ser eclipsado e a versão estéreo de "Sgt. Pepper's" tornou-se a versão-base. Muita gente nunca nem ouviu a versão mono e agora tendo a oportunidade (e a chance de comparar as duas versões, mono e estéreo) fica claro que os Beatles tinham razão e que a versão estéreo soa realmente muito mais fraca que a mais trabalhada versão mono. O baixo de Paul McCartney fica muito menos focado e forte. O mesmo pode-se dizer da bateria de Ringo. A versão estéreo que acostumamos a ouvir tem um som mais achatado e soa como se os caras não estivessem ali lado a lado tocando juntos. A nova versão estéreo corrige essas deficiências dentro das expectativas sônicas do século 21, dentro dos modernos sistemas de áudio. O baixo de Macca soa ágil, super definido, mais encorpado e emborrachado. As batidas de Ringo e seu tarol surgem fortes com total definição de detalhes para os pratos e chimbau. As batidas menores nunca ficam sumidas, nem confusas. Agora, a seção rítmica é vibrante. No mix 5.1, a coisa fica mais ampla ainda, embora os mixes de Giles Martin guardem total respeito para com o original mix mono de seu pai e dos Beatles. No 5.1, é possível ao ouvinte detectar as vozes individuais de cada Beatle no meio daquelas densas harmonias em camadas. É como penetrar fundo na criação da música. Efeitos sonoros, como os sons circenses em "Being For The Benefit Of Mr. Kite" tornam-se particularmente tridimensionais. As cítaras e as tablas em "Within You, Without You" parecem folhas psicodélicas caindo ao seu redor e ninguém pode acusar Giles Martin de inventar já que tudo já estava ali. Nem mais, nem menos. Se você procura por algo mais espetacular do que o 5.1 nos vídeos do "Beatles #1", de 2015, pode-se afirmar que o novo 5.1 de Giles vai além, fornecendo imersão maior, sem soar artificial. Rola muita diferença entre os canais com a música que sai das duas caixas. Provavelmente, até mesmo o cara mais ranzinza do mundo não considerará 'sacrilégio' este mix. Alguns especialistas disseram: "a nova edição de 'Sgt. Pepper's" é como ir do VHS para o 4K". Uau. Veja bem: "Sgt. Pepper's" nunca soou ruim, nunca. Mas realmente é algo como se você comparasse assistir um DVD em 1999 numa TV de tubo com ver um Blu-ray 4K numa TV atual idem com tela OLED, mais um conjunto completo de caixas e o subwoofer furunfando o som 5.1. Em resumo, esta nova edição de 50 anos de "Sgt. Pepper's" soa absolutamente maravilhosa no sentido de que ela causa maravilhamento de verdade. Não há qualquer senão, nem um efeito sonoro fora do lugar, nem um detalhe fraco no todo. Perfeição? Hum, nunca se sabe até onde o homem poderá levar as coisas, mas após ouvir a caixa é óbvio quão titânico foi aquele trabalho dos Beatles. Que trabalho genial! Que enorme façanha! Giles Martin merece elogios pelo que conseguiu: talvez a versão definitiva para este álbum. Uma versão que faz justiça ao gênio criativo dos Beatles e ao gênio criativo de George Martin. É como se o velho tornasse-se novo. Veredito: vale muito a pena desembolsar uma pequena fortuna e incorporar essa maravilha na sua estante. Haja grana!



Salivando....
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