sexta-feira, 30 de junho de 2017

Capas históricas


                                             Hotel California - Eagles 

Uma das mais belas canções pop da história confere o título a um dos mais incensados álbuns da indústria musical. E a capa do quinto disco da banda americana Eagles, remete tanto beleza quanto histórias incríveis. Tudo por causa de sua misteriosa letra e a enigmática imagem da capa. Há quem diga haver evidentes ligações com o satanismo, por invocar o diabo em diversas partes da letra e por fazer referência à sede da Church Of Satan, na Califórnia, cujo prédio anteriormente haveria sido um hotel. Levantou-se a hipótese de os integrantes da banda estarem envolvidos com o ocultismo, sendo discípulos de Anton LaVey, fundador da referida igreja e que teria influenciado um séquito de seguidores no rock e no cinema, incluindo os produtores do filme “O Bebê de Rosemary”. Os pontos que mais reforçam tal hipótese são os trechos “...just can’t kill the beast...” e “...we don’t have that spirit here since 1969”, que seria o ano de fundação da igreja satânica.


As especulações não param por aí. Há que acredite que o local da letra da música e capa do disco se referem, na verdade, a um hospital psiquiátrico situado entre Los Angeles e Santa Barbara chamado Camarillo State Hospital, que funcionou por mais de 30 anos abrigando artistas com problemas mentais ou para desintoxicação de drogas. Tudo porque em um dos edifícios do hospital há uma torre com o “sino das missões”, construído em 1930, sendo que a letra revela “...I heard the mission bell...”.


Um dos autores da letra, Don Henley, desmente todas essas teorias absurdas, afirmando que a canção é uma alegoria sobre o hedonismo e retrata o lado sombrio do sonho americano e os excessos cometidos na América, principalmente no mundo da música. Segundo o músico, o álbum faz uma alusão à corrupção das estrelas do rock pela decadente indústria fonográfica de Los Angeles e o hotel descrito na música se referia a uma prisão dourada, onde o artista entra livremente e depois descobre que nunca mais pode sair.


Mais intrigante que a foto da capa, é a da contracapa, que mostra diversas pessoas diferentes na varanda de um hotel na Espanha e entre eles há uma figura sombria associada a LaVey , sendo uma homenagem ao local onde ele teria se enfurnado para escrever a bíblia satânica. As pessoas em volta seriam ou os súditos do mestre do mal ou os artistas presos na armadilha da fama. Depois foi revelado que a “figura estranha” nada mais era do que uma modelo contratada para a sessão de fotos.



Mas na verdade, a bela imagem captada pelo artista responsável pela capa, o fotógrafo David Alexander, nada mais é do que a imagem lateral do Beverly Hills Hotel, situado na Sunset Boulevard, em Hollywood, Los Angeles, excluindo sua famosa entrada. A capa traseira é de outro estabelecimento, o Lido Hotel, Também em Los Angeles. O fato é que Hotel California jamais deixou a parada de sucessos nos charts de venda e nas rádios desde seu lançamento, em 1976, o que o confere a alcunha de um dos melhores álbuns de todos os tempos.  

Pra finalizar, outra história bizarra envolvendo o histórico disco. Recentemente, a banda processou um hotel de Baja California Sur, no México, que estaria faturando às custas do sucesso do trabalho do Eagles, divulgando ser o local que inspirou a criação do disco e também a hospedaria preferida da banda em seu auge. O nome do Hotel é o mesmo e ele existe desde 1950, 26 anos antes da composição do mega clássico. Durma-se com uma sonzeira dessas!


2 comentários:

  1. Os Eagles levaram 18 meses entre seu álbum anterior, "One Of These Nights" (de 75) e esse quinto álbum, "Hotel California". Foram 8 meses só gravando-o dentro do estúdio. Foi também o primeiro sem Bernie Leadon, que dava anteriormente à banda aquele jeitão "country", e com o guitarrista roqueiro Joe Walsh. O resultado marcou um enorme salto para longe da sonoridade anterior dos primeiros discos com uma mudança estilística rumo ao Rock "mainstream". Um outro aspecto, talvez até mais importante, foi o crescimento de Don Henley (baterista) como a voz dominante na banda, tanto como cantor, quanto como letrista. Nas 6 faixas em que contribui, Henley fixa uma temática usando a Califórnia como metáfora para um mundo sombrio, surreal onde o sucesso é efêmero e a atração pelo excesso, mortal. Há ainda desapontamento romântico e pessimismo quanto ao futuro. Musicalmente, o álbum marcou o ápice da banda. Até então, os Eagles eram uma banda de Rock não totalmente convincente. Mas neste "Hotel California", a coisa mudou: a seção rítmica de Henley e Meisner se apresenta muito sólida, o trabalho das guitarras de Don Felder e Joe Walsh é sensacional e capaz de levantar arenas, além dos vocais simplesmente lindos. Foi o disco onde as ambições da banda foram atingidas, com a criatividade no auge e performances sensacionais. "Classic Rock" puro e um dos discos de maior vendagem na história. Sem falar na sua faixa-título e nessa capa misteriosa (que o brother Marcão tão bem comentou). 41 anos depois, ainda ouço esse disco (e sua monumental faixa-título - um dos maiores solos de guitarra de todos os tempos) com sensações misturadas: arrebatamento, maravilhamento, suspense, incredulidade, encantamento. Duca total e com força!

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  2. Também é um disco que ouço sempre e a música título está entre as 100 eleitas na virada do século. O solo de guitarra é de uma beleza indescritível.

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