quinta-feira, 15 de junho de 2017

The Allman Brothers Band: o glorioso Southern Rock que combinava Rock, Blues, Country e Jazz (parte 3)

Embora agora repentinamente bem sucedidos e com muito dinheiro, muitos na banda e em sua "entourage" lutavam contra o vício da heroína. Quatro deles, o líder Duane Allman, o baixista Berry Oakley e os roadies Robert Payne e Red Dog Campbell entraram no Linwood-Bryant Hospital para um tratamento de reabilitação, em out/71. Tragicamente, em 29/out/71, Duane, então com 24 anos, morreu num acidente de moto, exatamente no dia seguinte de seu retorno a Macon, GA. Ele dirigia sua moto em alta velocidade quando, no cruzamento da Hillcrest Avenue com Bartlett St., um caminhão-prancha carregando um guindaste içador de madeiras repentinamente parou na interseção forçando Duane a desviar sua Harley-Davidson Sportster bruscamente para a esquerda para evitar a colisão. Só que ele acabou acertando tanto na traseira do caminhão quanto na bola do guindaste e foi imediatamente arremessado da moto. A moto voou caindo sobre Duane e o arrastando 27 metros por baixo e esmagando seus órgãos internos. Embora ele tenha chegado vivo no hospital e passado por cirurgia de emergência, morreu horas depois em decorrência dos enormes danos internos. 
Após a morte de Duane, a banda realizou uma reunião para decidir o futuro e claramente todos desejaram continuar em frente. Então, após um período, eles retornaram à estrada. "Nós todos tínhamos essa coisa em nós que Duane a colocara lá. Ele era o professor e deu-nos algo, éramos seus discípulos, e tínhamos que colocar aquilo para fora", disse o baterista Butch Trucks. A banda retornou a Miami em dez/71 para completar o trabalho do terceiro álbum de estúdio. Finalizar a gravação de "Eat A Peach" fez bem ao espíritos de todos. "A música trouxe vida de volta a nós e isto foi percebido simultaneamente por todos. Encontramos força, vitalidade, novidade, razão e sentimento de pertencimento, enquanto finalizamos 'Eat A Peach'", disse Gregg Allman. "Aquelas últimas três canções meio que vieram flutuando até nós. A música ainda era boa e rica e ainda havia aquela energia. Ainda era Allman Brothers Band". Lançado em fev/72, "Eat A Peach" foi o segundo álbum de sucesso deles, conquistando 'disco de ouro' e alcançando o nº.4 no Top 200 da Billboard. "Nós passamos um inferno, mas de algum modo estávamos de volta maiores do que nunca", disse Gregg.
Um tributo à triste e prematura partida de Duane, "Eat A Peach" era um LP duplo, reunindo um lado só de novas canções gravadas pós-Duane, e no restante coisas ao vivo capturadas nos shows do Fillmore East e faixas de estúdio completadas com Duane, antes de sua morte. No lado A, eles deixavam entrever a futura melancolia que surgiria no álbum seguinte, "Brothers And Sisters" (sob liderança de Dickey Betts), particularmente na adorável "Melissa" (a canção favorita de Duane), em contraste com as monumentais gravações ao vivo que dominavam o resto do álbum. Eles surgiam em seu melhor nos covers cheios de pegada ("One Way Out" e "Trouble No More"), ambos atestados arrebatadores dos excepcionais talentos do grupo como maravilhosa banda de Blues-Rock de estrada. Duane particularmente brilhava em "Mountain Jam", uma enorme jam de 33 minutos, cheia de incríveis interações instrumentais, mas certamente um pouco excessiva para fãs casuais. No restante, tínhamos os Allman Brothers no seu auge e era difícil não se sentir triste ao ouvir os violões de "Little Martha" que fecham o álbum, já que ali tínhamos não só um tributo emocionado, mas uma prova cabal do imenso talento de Duane e de sua decisiva contribuição para a banda.  A linda "Blue Sky", de Betts, foi sucesso nas rádios. O título do álbum vinha de uma frase de Duane: "You can't help the revolution, because there's just evolution... Every time I'm in Georgia, I eat a peach for peace... the two-legged Georgia variety". Eles tocaram quase 90 shows no ano seguinte, excursionando no formato de quinteto. Eles também compraram 1,5 milhão de metros quadrados em Juliette, GA, por US$ 160 mil e apelidaram de "The Farm".
Ali tornou-se o local de descanso e curtição do grupo, algo que preencheu os sonhos de vida comum do baixista Oakley. Infelizmente, ele era um dos que mais visivelmente vinha sofrendo pela perda do amigo. Passou a beber pesadamente e a consumir muitas drogas, além de começar a perder peso rápidamente. Segundo amigos e família, ele parecia ter perdido "toda a esperança, seu coração, seu vigor, suas ambições e sua direção" após a morte de Duane. "Tudo que Berry havia sonhado para todos - incluindo equipe de apoio, mulheres e crianças - havia se destruído quando Duane morreu e ele passou a não ligar mais para nada depois disto", disse o roadie Kim Payne. Oakley passou a repetidamente querer ficar só doidão, bem alto, causando preocupação em todos ao redor. Em 11/nov/1972, um pouco embriagado e alegre pela perspectiva de liderar uma jam session naquela noite, Oakley bateu sua moto na lateral de um ônibus, apenas três quadras distante da esquina onde Duane morrera. Ele recusou o tratamento hospitalar e foi para casa, mas gradualmente foi ficando delirante. Foi levado ao hospital, mas morreu por inchaço cerebral causado por fratura do crânio. Oakley foi enterrado exatamente ao lado de Duane no Rose Hill Cemetery, em Macon, GA. 
Continua.

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