quarta-feira, 12 de julho de 2017

David Bowie na fase "Thin White Duke"

O período 1975-76, no meio da era "Thin White Duke", ficou também conhecido como "Os anos da paranoia" para David Bowie. Muita coisa aconteceu nesta fase e dá para destacar o fantástico álbum "Station To Station" (lançado em jan/76), o filme "The Man Who Fell To Earth" (de Nicolas Roeg e lançado em mar/76), a apresentação de Bowie no programa de TV "Soul Train" (em nov/75), a entrevista de Bowie para a revista Playboy conduzida por Cameron Crowe (em set/76), que também escreveu "Ground Control To Davy Jones" (um perfil de Bowie para a revista Rolling Stone, em fev/76). E como escreveu Peter Bebergal em seu excelente livro "Season Of The Witch: How The Occult Saved Rock And Roll" (que nós já comentamos aqui no blog):
"Quando um Cameron Crowe de 19 anos de idade visitou David Bowie para uma entrevista da revista Rolling Stone, em 1975, ele encontrou um ligadão acendendo velas pretas para proteger-se de forças sobrenaturais do lado de fora das janelas de sua casa em Hollywood".
Na entrevista, Bowie fez alguns comentários sobre o fascínio do fascismo:
"A televisão é o fascista mais bem sucedido, nem preciso dizer. Os Rock Stars também são fascistas. Adolf Hitler foi um dos primeiros Rock Stars... Olhe alguns de seus filmes e veja como ele se move. Penso que ele era tão bom quanto Jagger. É incrível. E, cara, quando ele sobe no palco, ele mexe com uma plateia. Oh, bom Deus! Ele não era um político, mas sim um artista de mídia. Ele usou política e teatro para criar esta coisa que governou e controlou o show por 12 anos. O mundo nunca mais o verá de novo, mas ele pegou um país como um palco e o controlou".
A dieta de Bowie durante esse período ficou famosa: pimenta vermelha, leite e cocaína, com grandes quantidades de fama e paranoia. Portanto, por tudo, é considerado um dos melhores e mais interessantes períodos (cheio de mitos) do genial artista. Em abr/75, Bowie terminou a relação com a "MainMan", a companhia de empresariamento de artistas de Tony Defries. Em fev/76, Bowie começou sua "Isolar Tour", em Vancouver, Canadá. Aliás, esse show foi descrito como "Sinatra tendo um pesadelo". As apresentações de Bowie já haviam se tornado lendárias por serem orgias maciçamente orquestradas de sensacionalismo visual e musical. Nessa altura, era quase um não show e possivelmente o melhor. A coisa era absolutamente brilhante, talvez por sua pura audácia. Vestido com colete e calças no estilo dos negros dos anos 40, camisa branca de tecido francês, maço de cigarros azuis Gitanes ameaçando saltar do bolso, uma postura nua de total elegância, frágil, mas corajosa, ele se colocava à frente de uma banda basicamente de guitarras, teclados, bateria e baixo, num palco negro apenas com as luzes do ginásio e alguns spots. Parecia tão confortável quanto um Frank Sinatra como cantor do Led Zeppelin e ainda assim assumindo o controle de tudo que ocorria. De fato, Bowie sempre disse que, no palco, ele se sentia como um ator representando o papel de Rock Star. Há até um cartoon muito legal criado sobre essa fase (se te interessar dar uma olhada, clique aqui). Duca.

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