Originalmente, um projeto paralelo do vocalista Chris Barnes (do Cannibal Corpse) com o guitarrista Allen West (do Obituary), o Six Feet Under iria eventualmente evoluir para se tornar uma banda tempo integral quando atritos entre Barnes e seus companheiros de CC se tornaram incontornáveis. A dupla recrutou Terry Butler (baixista, ex-Death) e Greg Gall (baterista, cunhado de Terry Butler). Eles fizeram o primeiro show em 1993 e trilharam o caminho dos clubes da região, em Tampa, FL. No início, basicamente eles tocavam covers. Em meados de 94, passaram a compor material próprio e, por causa de Barnes já ter assinado um contrato com a gravadora Metal Blade Records junto com o CC, o Six Feet Under seguiu o mesmo caminho.
"Haunted" (de set/95) foi o álbum de estreia. Totalmente descaralhante e excitante, ele provou que aquela colaboração entre Barnes (então, ainda vocalista do Cannibal Corpse) e West (também em sua banda principal, o Obituary) não ficaria apenas na promessa. De fato, era difícil algo dar errado naquela fórmula contando com tão bons ingredientes: Barnes, um dos melhores vocalistas no campo do Death Metal; West, um guitarrista veterano, âncora do Obituary desde 89, uma das principais bandas do gênero; Scott Burns, o principal produtor do Death Metal. Sim, era inegável a similaridade para com o Obituary, mas com Barnes suportando muito bem os riffs simples e contagiantes, batidas básicas e contidas, nada da brutalidade e das complexas e sofisticadas composições (que dominavam o gênero), era um disco seguro mantendo a temática violenta do CC. Na sequência, Barnes sairia do Cannibal Corpse e o Six Feet Under lançaria o EP "Alive And Dead", em out/96. Este EP compilou um punhado de canções ao vivo (na Suíça e Holanda) e trouxe três novas de estúdio, incluindo um cover do Judas Priest, "Grinder". "Insect", uma das novas, tinha uma batida mais Doom, enquanto "Drowning" tinha uma guitarra mais rápida, ambas menos memoráveis do que as do disco de estreia. "Human Target" ao vivo era uma pedrada. O segundo álbum, "Warpath", foi lançado em set/97. Seria o último com Allen West nas guitarras, mas foi onde a banda realizou seu potencial, emergindo Chris Barnes com seu melhor estilo Godzilla de cantar, ajustado aos riffs serrados e rodopiantes de West. Embora críticas sempre surjam por causa dos ritmos mais cadenciados, o desempenho de West neste disco foi exemplar numa interessante variação do que ele fazia em sua banda-base, o Obituary. Da simplicidade daqueles riffs e de seus ritmos lentos é que vinha a novidade (já que a maioria das bandas do Death Metal se orgulha da velocidade). Com Barnes em performances impressionantes (que garganta infernal!), este se tornaria o melhor disco do Six Feet Under (muita gente também gosta do disco seguinte, "Maximum Violence", bem mais violento, o primeiro com o guitarrista Steve Swanson, ex-Massacre, mas com estilo diferente - única mudança de formação até 2011). A proposta era exatamente a de levar o Death Metal para fora de seu rígido enquadramento (o que também seria praticado por outras bandas). "War Is Coming" era a faixa de abertura, um hino barulhento à beligerância. "Nonexistence" e "A Journey Into Darkness" seguiam esta linha de ritmos cuidadosamente meio tempo, cadenciados. "Animal Instinct" acelerava nos elementos Thrash, mas havia a sensacional "Death Or Glory" com Barnes cuspindo suas letras venenosas num primor Death sem velocidade. "Manipulation" era a única a lembrar vagamente as atrocidades do Cannibal Corpse. A sabática "4:20", a pauleira de "Revenge Of The Zombies" e os ritmos voltavam a cair em "As I Die". A mais dinâmica "Night Visions" precedia a grande final, "Caged And Disgraced", outra na linha da batida Doom. O Six Feet Under nunca fez mais nada digno de nota, mas este álbum marcou a transformação do Death Metal.



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