Gravado em jun/69 no Morgan Studios, em Londres, mas lançado em ago/69, ao mesmo tempo da incendiária apresentação no Festival de Woodstock, "Ssssh" (o terceiro álbum de estúdio) se tornou o primeiro deles a ser sucesso nos EUA (alcançou o nº. 20 em set/69). Não tinha mesmo outro jeito: na esteira da enorme repercussão de Woodstock, as atenções se voltaram para a banda e seu Blues-Rock inglês de primeira qualidade, aliás, exatamente o que "Ssssh" apresentava, propulsionado pelas pirotecnias incríveis de Alvin Lee em sua guitarra e a propulsiva e sensacional cozinha rítmica deles. E como na maior parte do trabalho do Ten Years After, as letras eram descartáveis, mas a música era absolutamente primorosa. Trazendo uma longa versão para "Good Morning Little Schoolgirl" (cover de Sonny Boy Williamson com as letras alteradas deixando pouca dúvida sobre o que o cantor tinha em mente quanto à personagem principal), um Blues de 12 compassos matador com o título típico para o gênero "I Woke Up This Morning" e a roqueira "Bad Scene", o disco marcou o início de dois anos de crescente popularidade deles.
Em 1970, o Ten Years After lançou o single "Love Like A Man" (composição de Alvin Lee), que seria o único hit da banda nas paradas inglesas (alcançou o nº. 10 em ago/70). Uma particularidade é que foi o primeiro single lançado com uma velocidade diferente de cada lado: no lado A vinha a versão editada em 3 minutos e em 45 RPM e no lado B a versão ao vivo de quase 8 minutos de duração (gravada no Fillmore East, de Bill Graham) em 33 RPM. A canção anunciou o quarto álbum de estúdio, "Cricklewood Green", lançado em abr/70, porém gravado ainda em 69 no Olympic Studios, em Londres. O disco era outro ótimo exemplo do som do Ten Years After. Sob a batuta do engenheiro de som Andy Johns (que criou truques e efeitos de estúdio), com as canções todas estruturadas no Blues, amparadas numa seção rítmica fuderosa e a marca registrada da guitarra rápida na velocidade da luz de Alvin Lee, o álbum fluía maravilhosamente do início ao fim. De cara, um par de Blues-Rocks: "Sugar the Road" e "Working On The Road" (conduzida pela guitarra e pelo órgão que puxavam a atenção dos ouvintes através do uso de manipulações de fitas). Na sequência, "50,000 Miles Beneath My Brain" e "Love Like a Man", dois clássicos absolutos do estilo Ten Years After de criar jams, com seus versos sem sentido e o longo trabalho de guitarra que construía intensidade, tanto no ritmo quanto no resultado. "Year 3,000 Blues" era uma brincadeira Country com letras sci-fi bobas. "Me And My Baby" reunia o lado Jazz da banda (talvez, a melhor deles nessa praia) trazendo um delicioso solo de piano de Chick Churchill. Ela trazia algo similar às longas faixas do lado A do ao vivo "Undead". "Circles" era uma toda no violão e bem hippie, enquanto "As The Sun Still Burns Away" fechava o álbum com outro riff clássico de guitarra e órgão e mais efeitos sci-fi. Naquele ago/70, eles tocaram no Strawberry Fields Festival (perto de Toronto) e no Isle Wight Festival.
"Watt", de dez/70 (mas gravado em setembro, também no Olympic Studios), completou o contrato de 5 discos com o selo Decca (Deram), com muitos dos mesmos ingredientes de seu antecessor, "Cricklewood Green", mas sem se sair tão bem, no todo. A banda estava despendendo muito tempo nas turnês e sobrava pouco tempo para desenvolver novo material. Consequentemente, resolveram incluir "Sweet Little Sixteen" (um cover de Chuck Berry, gravado ao vivo no Isle Of Wight Festival), uma faixa instrumental curta com o título pouco inspirado "The Band With No Name", além de outras canções como "I Say Yeah" e "My Baby Left Me", que deixavam clara a pequena inspiração para compor de Alvin Lee. Ainda assim, sua guitarra era rápida e limpa (embora os licks começassem a soar repetitivos) e a banda mantinha performances muito boas no melhor formato de "Cricklewood Green". Após isto, eles assinaram um contrato com a Columbia Records e lançaram o álbum "A Space In Time" (em ago/71, outro gravado no Olympic Studios), que marcou um movimento numa direção mais comercial. Vendeu horrores (tornou-se o disco deles de maior vendagem, impulsionado pelo maior hit do grupo, a ótima "I's Love To Change The World", onipresente nas rádios no verão de 71), mas o jeitão Pop (faixas menores, com Alvin Lee apresentando um paleta instrumental mais ampla, diversas canções construídas sobre riffs de violão) deixava as coisas leves, num clima meio relaxado demais para quem era fã do Ten Years After (talvez, influenciados pelo sucesso do Led Zeppelin III, que misturou muito bem canções acústicas com faixas mais pesadas). Sim, ainda havia jams incendiárias: a faixa de abertura, por exemplo, "One Of These Days" era particularmente intensa com sensacionais solos de harmônica e guitarra (e também em "Baby Won't You Let Me Rock'n'Roll You"). No geral, muitas das faixas eram cheias de mudanças de ritmo e os solos de guitarra eram mais, digamos, discretos do que anteriormente. Com uma produção mais nítida e limpa, o som do disco era bem diferente da densidade, do peso e da atmosfera feroz dos anteriores. Em resumo, não era tão consistente quanto "Cricklewood Green", mas tinha lá seus momentos de brilho. A revista Sounds até aprovou o trabalho, mas reclamou que "o Ten Years After era disparado uma banda melhor ao vivo do que seus álbuns podiam sugerir e que seus shows tinham muito mais carisma e excitação do que emergia dos estúdios".
Em mar/72, surgiu "Alvin Lee And Company", na verdade uma compilação (a terceira lançada pelo selo Deram, após o fim do contrato deles). Desta vez, porém, havia um atrativo: o disco reunia canções que tinham ficado de fora dos álbuns regulares, além de versões alternativas. O antigo selo estava querendo faturar em cima do sucesso comercial encontrado pela banda na Columbia, mas era algo indicado apenas para fãs abnegados, pois era material inferior aos originais. Em out/72, a banda lançou seu sétimo álbum de estúdio e o segundo pela Columbia, "Rock & Roll Music To The World". Novamente, gravado no Olympic Studios, ele incluiu diversos clássicos do Ten Years After: "Standing At The Station", "Choo Choo Mama" e a faixa-título. Expandindo o Blues-Rock inicial, eles agregaram Boogie, Rock'n'Roll e Pop, ainda que numa fórmula não tão selvagem quanto a do passado. Leo Lyons e Ric Lee mantinham-se uma seção rítmica das melhores e Chick Churchill praticando seus melhores arranjos em teclados. "Turned Off TV Blues" demonstrava quão cansativas e pouco divertidas haviam se tornado as turnês.
Em jun/73, eles lançaram "Recorded Live", o terceiro álbum ao vivo deles (o primeiro havia sido "Undead" e o segundo "BBC Sessions", ambos de 68). Gravado em 26-29/jan/73 em Frankfurt, Rotterdam, Amsterdam e Paris, esse LP duplo, sem overdubs, surgiu quando o Ten Years After já estava próximo de capitular. Eles estavam se apresentando em grandes arenas e tudo que tocavam ultrapassava fácil os 5 minutos (às vezes, chegando aos 11 minutos). O melhor eram as improvisações, particularmente os longos e sensacionais solos de Alvin Lee. Nos palcos, eles rendiam muito, mas o álbum era um típico produto setentista, com exageros e alguns arranjos masturbatórios e desinteressantes (a reedição de 2013, expandiu o disco para 21 faixas, tornando tudo ainda mais excessivo). Em abr/74, eles lançaram o oitavo álbum de estúdio, "Positive Vibrations". Nessa época, o Ten Years After já era uma banda cansada e eles se separaram no final de 75. Distante dos grandes discos, mas algo entre "Watt" e "A Space In Time", com uso de violões e a banda sendo focada como um todo (e não mera coadjuvante de Alvin Lee, como em "Rock & Roll Music To The World"), fundindo Blues-Rock e Jazz, num trabalho irregular.
(continua)










Essa fase é sensacional, tenho todos os álbuns. E realmente o aproach deles ao vivo parecia ser superior aos álbuns de estúdio, que ao meu ver são muito bons.
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