Todo roqueiro bem informado conhece a Gang Of Four, banda inglesa do Pós-Punk muito influente, com sua consciência política, ritmos tribais, vocais desafiadores e guitarras fragmentadas/angulares. A fase áurea foi entre 1979 e 1982 quando eles lançaram três álbuns magníficos e brilhantes ("Entertainment!", de 79 e já destacado em nossa coluna semanal "Discoteca Básica da Bizz" leia aqui; "Solid Gold", de 81 e "Songs Of The Free", de 82). Depois disso, muito da música deles tornou-se aborrecida. Entretanto, a dupla Andy Gill (guitarras) e Jon King (vocais) permanece, até hoje, como uma das mais perigosas e magnéticas que já existiu no Rock.
O álbum "Hard", de 83, foi o último álbum na primeira fase, antes deles se separarem. Foi detonado por fãs e pela imprensa especializada por marcar uma aventura da banda pela New Wave, com um som mais leve e voltado à Dance Music. Sim, nessa fase, a Gang Of Four havia abandonado o ataque e a militância política e migrado para algo bem mais acessível, o que lhes afastou grande parte dos fãs. Sete anos depois da separação, Jon King e Andy Gill se reuniram e soltaram novo álbum, "Mall" (de 91), um retorno à boa forma, mas sem recapturar a ferocidade do melhor deles. Com uma produção enfatizando sintetizadores e ritmos Funk, só as letras politizadas lembravam o GoF original. Acabou sendo desapontador.
A reconstituída Gang Of Four podia até funcionar ao vivo (algo que pouca gente constatou), mas em estúdio a coisa era mais difícil. Sem nostalgia, a intrépida dupla arregimentou nova cozinha (os baixistas Dean Garcia e Phil Butcher e os bateristas Monti e Dave Axford) e gravou "Shrinkwrapped" (de 95) onde manteve o uso de batidas Dance e a guitarra serra elétrica espasmódica e gaguejante de Gill, mas os vocais de King eram mais suaves e gentis, as melodias eram mais convencionais, menos obtusas. "Return The Gift", de 2005, foi um disco tributo de si próprios, pois eles regravaram material inicial e as melhores canções. Um dos aspectos mais interessantes aqui foi que a banda trouxe o baterista Hugo Burnham para conseguirem resgatar o som correto e bem gravado de bateria e não aquele tipo "caixa de papelão" das gravações originais. Por isso, esse álbum soou como ao vivo, tocado alto e barulhento. Cáustico, temperamental, carregado de eletricidade, porém em versões algo frias e rígidas. Talvez, 25 anos mais velhos, eles não tivessem mais a mesma agilidade.
Em 2010, mais de 30 anos após a estreia e 15 anos após o último disco com material novo, esses veteranos retornaram com um trabalho financiado pelos fãs. As performances eram medianas e poucas canções tinham o brilho distante dos anos de glória. Em "What Happens Next", de 2015, a banda foi chamada de brincadeira por muita gente como "Gang Of One" por causa de apenas Andy Gill continuar da formação original (com a saída de Jon King, em 2010). O disco soou como um esforço cuidadoso para balancear o "Funk neo-marxista" da primeira era com o ataque eletrônico mais contemporâneo. Somado à presença de diversos vocalistas convidados, ficou parecendo mais disco solo de Andy Gill do que um álbum da GoF. Só aumentou a confusão da discografia da banda. Muita gente criticou Gill por ficar usando o nome do GoF num projeto que pouco tinha da verdadeira GoF. Eu concordo com isto. A real Gang Of Four, aquela que lhes criou o nome, só existiu nos primeiros 3 álbuns. Aqui está um vídeo para lembrarmos disto:







Sonzeira da grossa! A fase inicial do grupo é arrasadora, seminal! Das boas coisas produzidas pelo rock all time!
ResponderExcluirOs dois primeiros discos do Gang Of Four são ótimos. Segue bem o estilo Pós-Punk intelectual do Wire de Colin Newman e do Magazine.
ResponderExcluir