domingo, 6 de agosto de 2017

Grandes discos do Heavy: Amon Amarth - "Surtur Rising" (2011)

A história do Amon Amarth começou em Tumba (o nome da cidade é esse mesmo!), Suécia, em 1988, quando foi formada a banda Scum. Quatro anos depois, ao adotarem o novo nome (tirado do livro "O Senhor dos Aneis", de J. R. R. Tolkien, e homenageando montanha com um vulcão na terra de Mordor), a formação consistia de Johan Hegg (vocais), Olavi Mikkonen e Anders Hansson (guitarras), Ted Lundström (baixo) e Niko Kaukinen (bateria).
Em 1993, eles gravaram a primeira fita demo, "Thor Arise" (de muito baixa qualidade, que acabou nunca oficialmente lançada). Em 1994, gravaram outra, "Arrival Of The Fimbul Winter" (3 faixas), que vendeu todas suas mil cópias e chamou atenção dos fãs do Metal extremo tanto pela brutalidade épica, quanto pela convicção desnudada. Em abr/1996, assinaram um contrato com o selo Pulverised Records (de Singapura), pelo qual lançaram um EP, "Sorrow Throughout The Nine Worlds", que vendeu 6 mil cópias. Com letras baseadas na mitologia nórdica (Vikings, Deuses, guerreiros, batalhas, frio etc.), eles despejavam muita rapidez e intensidade, vocais furiosos, uma parede de riffs monstruosa, força Death Metal, porém com um inesperado senso melódico surgindo nas pontes e nos solos. Pouco depois, Kaukinen saiu e foi substituído pelo baterista Martin Lopez.
Conseguiram assinar com o selo Metal Blade Records (dos EUA) por onde lançaram o álbum de estreia, "Once Sent From The Golden Hall", em jan/1998. Foi uma chegada nem um pouco educada, chutando o pau da barraca. Estilo épico, insistência melódica, imagens Vikings, vocais berrados e selvagens, guitarras duplas fazendo riffs perfuradores em uníssono no estilo trêmolo, bateria esquizofrênica usando ritmos randômicos, muita potência e os solos construindo melodias surpreendentes para um disco de Death Metal. A popularidade do Amon Amarth cresceu internacionalmente. Fizeram apresentações no Canadá, EUA e Europa. Em jun/98, prestes a começarem uma turnê junto com o Deicide, o Six Feet Under e o Brutal Truth, o guitarrista Anders Hansson saiu e foi substituído por Johan Söderberg. Após a turnê, Martin Lopez saiu para se juntar ao Opeth e Fredrik Andersson entrou. Com esta nova formação, gravaram o segundo álbum, "The Avenger" (de nov/99). Não muito diferente do primeiro, misturando intensidade de ritmos muito rápidos e texturas barulhentíssimas, canções épicas, guitarras incendiárias cortantes feito motosserras, vocais guturais, tudo varrendo o ouvinte para o centro de uma batalha de gladiadores no frio escandinavo. Atmosferas turvas e potentes, mas trespassadas por melodias evocativas e triunfantes. O disco foi trabalhado na X-Mas Massacre Festivals Tour junto com o Morbid Angel.
Lançado em mai/2001, "The Crusher", considerado o álbum deles mais agressivo, trouxe toda a estética anterior para um nível colossal e abrasador. Irradiando energia turva e perturbadora, as canções se sucediam sufocantes, primitivas, opressivas, pulverizando tudo, dentro de um oceano de distorção. Para divulgá-lo, a banda excursionou com Marduk e Vader, participando do No Mercy Festival. Em abr/2002, o Amon Amarth viajou pela Europa  com o Vomitory e tocou no Wacken Open Air para doze mil fãs. Em nov/2002, lançaram "Versus The World", no mesmo estilo, com excelentes canções e variando climas, ritmos e texturas (algo raro nessa seara). Canções realmente com arranjos e com melodias, mesmo em grande parte soterradas pela extrema brutalidade (há uma versão desse disco, "The Viking Edition" com um CD bônus contendo as demos de "Thor Arise" e "Arrival Of The Fimbul Winter"). As turnês continuaram até a primavera de 2004, quando a banda parou para gravar o álbum seguinte, "Fate Of Norns", lançado em set/04.
Nada diferente dos anteriores, "Fate Of Norns" manteve o Death Metal épico, melódico, com letras cheias de Vikings em batalhas esmagando crânios. Uma parte dos fãs, no entanto, sentiram falhas na produção anêmica e metódica, sem aquele som colossal de potentes atmosferas, com vocais incapazes de evocar intonações primitivas. Decisão estilística? Não sei, mas era verdade que a virulência habitual estava enterrada no mix deixando imperceptíveis certos detalhes das performances. Em mai/06, eles lançaram "Wrath Of The Norsemen", uma caixa de três DVDs com mais de sete horas de filmagens, maior parte de shows, com muito fogo, luzes, capturas profissionais, ótimo som, alta qualidade, sólidas performances
O álbum seguinte, "With Oden On Our Side", de out/2006, foi o primeiro deles a escalar paradas (chegou ao nº. 26 nos EUA nos Top Independent Albums). Agora famosos no território do Death Metal melódico e por seus temas Vikings, desviando-se habilidosamente das normais tendências Thrash, criando climas celebratórios que iam além da mera adrenalina selvagem, agregando drama, certa acessibilidade (para os padrões do Metal extremo), canções épicas e intensas, este disco meio que resumiu o todo de um estilo bem estabelecido, sendo um exemplar representante do sub-gênero. Em jan/08, eles fizeram a primeira turnê pela Austrália e Nova Zelândia, abrindo para o Dimmu Borgir. Também estiveram nos EUA e Canadá. "Twilight Of The Thunder God", de set/08, se tornaria o álbum deles mais aclamado pela imprensa especializada (ficou no Top Ten de várias listas daquele ano) e comercialmente bem sucedido até então. Contando com várias participações especiais (incluindo Lars-Göran Petrov, vocalista do Entombed, Roope Latvala, guitarrista do Children Of Bodom), a fórmula era a mesma, mas com modificações. Os riffs cavernosos e os blastbeats massacrantes foram substituídos por riffs extremamente acessíveis e melódicos. Claro, houve quem os acusasse de "vendidos" ao tornarem-se mais palatáveis, mas no todo era uma evolução. O disco acabou alcançando o nº. 50 nos EUA, o nº. 6 na Alemanha, o nº. na Finlândia, o nº. 11 na Suécia, o nº 14 na Áustria, o nº. 21 na Suíça... a banda embarcou numa turnê pelos EUA em out/08. Em 2009, eles voltariam para uma série de bem sucedidos shows, conquistando vários prêmios de prestígio. A banda abriu para o Slayer na Unholy Alliance Chapter III European Tour. Oitavo álbum do Amon Amarth, "Surtur Rising", surgiu em mar/2011. Seguindo o sucesso do disco anterior, a banda não deixou por menos e preparou algo ainda mais elaborado e poderoso (sob certo aspecto, menos acessível, mas mantendo o Amon Amarth de sempre). Faixas típicas da discografia deles (Vikings + melodias), construídas para o headbanging e como fortes hinos de guerreiros, algumas delas podendo estar entre as mais furiosas deles, agressividade na cara, melodias atmosféricas, algumas guitarras surpreendentes e pesadíssimas, detalhes sutis, e a conhecida e consistente força do Death Metal melódico, numa espécie de prova da evolução e da incrível competência da banda.

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