domingo, 27 de agosto de 2017

Grandes discos do Heavy: Demolition Hammer - "Epidemic Of Violence" (1992)

O Demolition Hammer (que ótimo nome! Na engenharia, chamamos aquela marretona de demolição de "sexta-feira", ré-ré-ré) apareceu na cena metaleira da Costa Leste, em 1986. A formação original consistia em Steve Reynolds (vocais e baixo), James Reilly (guitarras) e John Salerno (bateria).
Logo, gravaram a primeira fita demo, "Skull Fracturing Nightmare" (de fev/88), uma paulada radicalmente pesada, que circulou muito entre as gravadoras independentes de NYC e região (e entre círculos de trocas de fitas). Aquelas quatro faixas assustaram e os levaram a serem vistos como uma das bandas que tocavam mais pesado na época. De fato, a força da música daquela fita infernal (que nem parecia só uma demo já que a produção era ótima, com som absolutamente claro e melhor do que muitos álbuns profissionalmente gravados) era inquestionável, despejando riffs furiosos e convidando a um headbanging de quebrar pescoços, tons esmagadores, bateria e vocais Hardcore, quebradas e solos relinchantes, tudo na velocidade da luz e violento, muito violento. Derek Sykes foi trazido para assumir a segunda guitarra e Vincent Civitano (chamado Vinny Daze) substituiu Salerno na bateria. Uma segunda fita demo intitulada "Necrology" surgiria em 89 e serviu para conquistar-lhes um contrato com o selo Century Media Records. Outra vez, não era uma simples demo, mas uma pedrada ultra bem produzida e de alta qualidade. Se "Skull Fracturing Nightmare" era um ótimo começo, esta segunda fita trouxe seis faixas absolutamente brutais com um nível totalmente superior de complexidade (muito graças à entrada do sensacional - e monstruoso - baterista Vinny Daze). Frenética e intensa, "Necrology" era Thrash Metal puro com os guitarristas Reilly e Sykes agindo como máquinas de riffs (cada canção tinha uns 5 ou 6), em performances de tirar o fôlego, selvageria total, canções ferozes, conseguindo melhorar a demo anterior e apresentando potencial absurdo (na verdade, o Demolition Hammer regravou todas estas canções para seu álbum de estreia, mas não conseguiu repetir o tamanho do impacto desta demo e até pioraram algumas delas - muitos roqueiros não ligam muito para fitas demo, mas estas duas do Demolition Hammer merecem sua atenção!).
O álbum de estreia, "Tortured Existence", de set/90, fundiu Thrash e Death Metal e foi capaz de fazer sangrar ouvidos de prazer. Um disco inacreditável (considerado por muitos roqueiros com um dos melhores do gênero), tocado com toneladas de agressividade e muita velocidade, letras perturbadoras, ritmos esmagadores, um enorme chute na bunda de muito roqueiro, arrotando raiva e ódio com um entusiasmo realmente impressionante. E em mar/1992, a banda lançou aquele que é seu álbum mais aclamado, "Epidemic Of Violence". Nesse segundo álbum, apesar de não tão fuderoso quanto à estreia, eles produziram canções mais variadas (utilizando influências vindas de Dark Angel, Darkness Descends, Sepultura) e composições mais coesas e memoráveis. Não se tratava apenas de despejar o maior número de riffs possível (ainda que o disco trouxesse tantos que muitas bandas nem nunca tiveram tantos em toda a carreira). Performances top, com o baterista Vinny Daze barbarizando e dando show, com Sykes e Reilly triturando notas e sempre encontrando espaço para duelos brilhantes, além de Reynolds num dos desempenhos mais assustadores de todos os tempos (soando como um paciente com câncer terminal de garganta com um dreno instalado), o álbum era brutal, veloz e radicalmente energético. Um assalto sonoro, capaz de te arremessar para trás, tamanha a força que saía das caixas de som, executado habilmente e que renovou de maneira perfeita o então agonizante Thrash Metal. Infelizmente, no álbum seguinte, "Time Bomb" (de 94) eles prefeririam seguir numa linha mais Pantera/Machine Head (já como um trio, sem Reilly e Daze - não era mais a mesma banda: foi a gravadora que exigiu que mantivesse o nome). No verão de 95, a banda acabou. Daze morreu em 96. Em mar/2016, eles se reuniram com um novo baterista, Angel Cotte, e há rumores sobre gravação de um novo álbum.

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