A banda alemã "Primal Fear" foi formada em out/1997, em Esslingen, a partir de Ralf Scheepers (vocalista) e Mat Sinner (baixista), ambos veteranos da cena metaleira. Scheepers já havia cantado no Tyran Pace (entre 1983-86), no internacionalmente conhecido Gamma Ray (entre 1990-93, nos três primeiros álbuns) e no F.B.I. (em 1993). Mat Sinner (na verdade, Matthias Lasch) tocou em inúmeras bandas, mas a principal foi o Sinner (desde 1982). Scheepers saiu do Gamma Ray para fazer um teste (em jul/93) para substituir Rob Halford no Judas Priest (aparentemente o teste foi bom, ele tinha seu reconhecido trabalho no Gamma Ray, mas o fato é que nunca recebeu o convite, que acabou dado a um desconhecido, Tim "Ripper" Owens, que acabou gravando com o Judas os álbuns "Jugulator", de 1997 e "Demolition", de 2001). Claro, que Scheepers ficou triste e desapontado. Então, ele passou um tempo tocando com amigos e fazendo covers do Judas (algo que ele adorava, desde menino). Scheepers colocou vocais em algumas faixas de um novo álbum do Sinner e esta colaboração fluiu para o surgimento de um novo projeto, o Primal Fear. Ralf Scheepers, Mat Sinner, Tom Naumann (guitarras) e Klaus Sperling (bateria) assinaram com o selo alemão Nuclear Blast, no final de 1997.
Gravado no Spacepark Studios, em Winterbach, e lançado em fev/98, o álbum de estreia autointitulado Primal Fear (contando com o apoio de Kai Hansen, do Gamma Ray, em três faixas) foi muito bem recebido, conquistando resenhas elogiosas de respeitados jornalistas do Metal. Comparações entre esta estreia e "Jugulator" (do Judas Priest) acabaram inevitáveis, devido às circunstâncias. "Primal Fear" era um trabalho bem devoto ao estabelecido Speed Metal, ignorando modernidades como Pantera e Machine Head. O som era na linha do Accept (muita influente na cena alemã), muita velocidade, porém com adição da melodia trazida do Helloween/Gamma Ray, harmônicos gritantes tipo Zakk Wylde e refrões para arenas. O disco do Judas foi noutra linha (era o primeiro deles desde que Rob Halford havia saído para montar o Fight, em 1993), bem derivativo e fraco, foi mal recebido tanto pela crítica quanto pelos fãs, que o viram como um dos piores momentos da carreira da banda. Por outro lado, o álbum do Primal Fear era completamente estimulante e fuderoso. Os vocais de Ralf Scheepers surgiam totalmente Judas já na primeira faixa, a destruidora "Chainbreaker". Muita energia, diversão e um misto de "Defenders Of The Faith" e "Painkiller". Riffs simples, melodias pesadas tocadas muito rápido/agressivamente e os vocais Scheepers a la Halford. "Silver & Gold", "Thunderdome" e "Promised Land" eram outros destaques, totalmente Power Metal, com guitarras cortantes, base trovejante feito trovão, atmosfera dramática e teatral, ritmo empolgante e letras para se cantar junto (feito hinos com temática de fantasia). Entre canções na velocidade da luz (como "Formula One") e outras menos agressivas ("Tears Of Rage", por exemplo, uma "power ballad"), havia um violento furacão Metal com Scheepers cantando com intensa paixão e excelente voz. Guitarras cavalares, ritmos galopantes, quebradas melódicas, introduções sinfônicas (simuladas em teclados), um sensacional cover de "Speed King" (do Deep Purple), solos nervosos e sensacionais, som grandioso e super produzido, apresentando a banda para a elite dos verdadeiros guerreiros do Metal. O álbum entrou no nº. 48 das paradas alemãs (a melhor para estreia de uma banda de Metal). Naquele ano, eles excursionaram com o Running Wild e HammerFall. Em jun/99, surgiu o segundo álbum, "Jaws Of Death" que lhes atraiu ainda maior respeito e enorme popularidade. Acrescentando um novo guitarrista, Stefan Leibing, o Primal Fear essencialmente repetiu a fórmula, melhorando-a. Canções guiadas por riffs cativantes, bem ao estilo Judas Priest ou Iron Maiden, aliás criados ao perfeito estilo das fontes inspiradoras. Tudo muito bem escrito e tocado, os vocais perfeitos de Scheepers, letras típicas da seara Power Metal, padrão melódico pomposo (dando ar de poder), intensidade, duas guitarras velozes e harmônicas. Estas características estavam às claras já na faixa de abertura, "Final Embrace", uma pedrada veloz, energética e ultra estimulante. No primeiro minuto, aquilo te pegava pelo colarinho e te obrigava a tocar "air guitar" e "sing along". Com canções um pouco mais rápidas e guitarras mais pesadas, mais afiadas e mais assanhadas, composições mais maduras, mais completas, bateria de bumbo duplo no topo, tudo tocado com extrema competência. Destaques? O disco todo, mas "Church Of Blood" talvez seja uma das melhores de toda a carreira deles. "When The Night Comes", "Fight To Survive", "Hatred In My Soul", "Under Your Spell"... são todas sensacionais e ainda havia um cover de "Kill The King", do Rainbow. Descaralhante.

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