terça-feira, 1 de agosto de 2017

Procol Harum: banda inglesa cuja capacidade se estendeu muito além de seu hit mais conhecido (parte 1)

Gary Brooker e Keith Reid
Procol Harum é, sem dúvida, o grupo criado "acidentalmente" mais bem sucedido da história do Rock Progressivo. Acidentalmente querendo dizer banda formada para aproveitar do sucesso de um hit criado em estúdio. Explico melhor: o single "A Whiter Shade Of Pale" foi um sucesso-monstro e com isto, a ideia evoluiu de um grupo reunido em estúdio para uma banda ao vivo de muito sucesso. A música era feita em torno de uma eclética mistura de Blues-Rock e temas eruditos. Com o pianista/cantor Gary Brooker e o letrista Keith Reid criando todo o repertório da banda, as coisas evoluíram linearmente, com surpresas maiores acontecendo apenas nas mudanças de formação. Na face mais acessível, como em "A Whiter Shade Of Pale" e em "Conquistador", eles foram das bandas mais populares do Rock Progressivo, com seus singles superando em vendas todos seus rivais e as faixas mais ambiciosas de seus álbuns ainda tendo forte admiração até hoje. As origens do Procol Harum são tão complicadas quanto seu sucesso. O pianista Gary Brooker tinha uma banda de escola chamada The Paramounts junto com o guitarrista Robin Trower e o baixista Chris Copping, mais o cantor Bob Scott e o baterista Mick Brownlee. Após conseguirem um certo sucesso nos clubes jovens locais tocando covers dos hits de R'n'R, Brooker, então com 17 anos, assumiu a função de cantor, mesmo após todos conseguirem graduação escolar. Por volta de 1962, eles conseguiram fazer uma temporada no Shades Club, em Southend (a cidade-natal de todos), Essex, Inglaterra. Brownlee saiu no início de 63 e foi substituído por Barry J. Wilson, que respondeu a um anúncio no semanário Melody Maker. Em set/63, Copping foi quem resolveu sair para seguir a Leicester University e foi substituído por Diz Derrick.
No mês seguinte, uma fita demo (consistindo de "Poison Ivy", cover dos The Coasters, e "Further On Up The Road", cover de Bobby Bland) levou-os a um teste na EMI. O resultado foi um contrato com o selo Parlophone Records e a chance de gravarem com o produtor Ron Richards, famoso por gravações com The Hollies. O primeiro single dos Paramounts, "Poison Ivy", lançado em jan/64, alcançou o nº. 35 nas paradas britânicas. Eles também conseguiram um importante empurrão dos Rolling Stones, com quem trabalharam no programa de TV "Thank Your Lucky Stars", onde os Stones citaram os Paramounts como sua banda favorita de R&B inglês. Infelizmente, nenhum dos subsequentes singles pela Parlophone nos 18 meses seguintes conseguiram sucesso e, em meados de 1966, os Paramounts foram reduzidos a trabalharem como banda de apoio para artistas como Sandy Shaw e Chris Andrews. Em set/66, a banda se separou: Derrick largou a música, Trower e Wilson passaram a tocar com outras bandas e Gary Brooker decidiu seguir carreira como compositor. Foi quando Brooker firmou parceria com o letrista Keith Reid, que ele conheceu através de um conhecido mútuo, o empresário Guy Stevens. Na primavera de 1967, eles conseguiram reunir um conjunto de canções prontas e começaram a procurar uma banda para tocá-las. Um anúncio no Melody Maker levou-os a formarem uma banda inicialmente chamada The Pinewoods (com Brooker como pianista/cantor, Matthew Fisher no órgão, Ray Royer na guitarra, Dave Knights no baixo e Bobby Harrison na bateria). A primeira gravação, produzida por Denny Cordell, foi em cima de uma poesia surreal de Reid chamada "A Whiter Shade Of Pale", que Brooker musicou com influência da "Suite nº. 3 em Ré Maior", de Johann Sebastian Bach. Mas quando a gravação estava pronta para ser lançada, o Pinewoods já havia sido rebatizado de Procol Harum (o nome do gato de Guy Stevens). No início de mai/67, a banda tocou "A Whiter Shade Of Pale" no Speakeasy Club, em Londres, enquanto Cordell conseguiu o lançamento do single pela Decca inglesa, em seu selo Deram. Ironicamente, os outros únicos clientes de Cordell, os Moody Blues, estavam para sair de um longo período de procura por sucesso, no mesmo selo, com um par de gravações similares (também com tintas eruditas): "Nights In White Satin" e "Days Of Future Passed". Exatamente, por causa dos dois grupos e desses três grandes sucessos, a Deram Records seria para sempre lembrada como um selo de Rock Progressivo.
Cordell também enviou cópia de "A Whiter Shade Of Pale" para Rádio London, uma da lendárias transmissoras offshore piratas da Inglaterra (que competiam com a estatal BBC, que detinha o monopólio das transmissões) e passaram a ser ainda mais admirados pelos jovens e demais bandas. Não só a Rádio London se surpreendeu com os pedidos de ouvintes querendo ouvir de novo a nova faixa com a própria Deram de repente se viu recebendo pedidos por um single só programado para ser lançado no mês seguinte. Antecipado e lançado em 12/mai/67, "A Whiter Shade Of Pale" virou um estouro nas lojas. Na sequência, o Procol Harum fez seu show de estreia em Londres abrindo para o Jimi Hendrix Experience no Saville Theater, em 4/jun/67. Quatro dias depois, a canção alcançou o topo das paradas britânicas e lá ficou por seis semanas, fazendo do Procol Harum um dos únicos seis artistas na história da música britânica a alcançar o nº.1 em seu primeiro lançamento (nem mesmo os Beatles conseguiram isto). No mês seguinte, o single alcançou o nº. 5 nas paradas norte-americanas, com vendas ultrapassando mais de um milhão de cópias (e seis milhões no mundo inteiro).
Tudo isto parecia ser bom demais, certo? Sim, exceto pelo fato de que eles só tinham aquela canção no repertório e não eram uma banda de verdade (literalmente, a famosa "One-Hit Wonder"). Naquele mesmo mês, Royer e Harrison foram sacados da banda e substituídos pelos companheiros de Paramounts, Robin Trower (guitarras) e B.J. Wilson (bateria). 
(continua)

Um comentário:

  1. Tenho algumas coisas do Procol Harum, mas não curto muito. Tentei muito, me esforcei, mas acho no máximo legal.

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