sexta-feira, 15 de setembro de 2017

Tesouros perdidos


Iron Maiden -  Inglaterra

Mas que raios o multiplatinado ícone do metal clássico está fazendo neste coluna de obscuridades do passado? Estaria nosso redator lesado das ideias? Nada disso, neste caso o ovo parece ter vindo antes da galinha. Pois trata-se de um banda surgida nos anos finais da década de 60 e que gravou este único petardo em 1970, fortemente influenciada pelos novos conceitos de rock pesado que surgiam, especialmente pelo impacto do primeiro álbum do Led Zeppelin. Outra praia dos batalhadores rapazes que formavam o grupo era o rock and roll básico e rico dos Rolling Stones.

Na verdade, o álbum em questão demorou décadas para ver a luz do dia, só foi lançado no final dos anos 90. É uma coletânea de singles lançados no começo da nova e explosiva década de 70, somadas a outras gravações do grupo. Apesar de terem um contrato assinado para o lançamento do disco, isso acabou não acontecendo à época e o grupo simplesmente mergulhou no ostracismo.

A capa, que acabou ganhando a inscrição “o original”, antes do nome da banda, é um desenho que retrata a tragédia do Titanic e o conteúdo é bombástico. Um rock bastante pesado para época, com destaque para a perfeita química entre o baixo sinuoso e marcante de Barry Skeels com a guitarra insinuante e riffeira de Trevor Thoms (que faleceu em 2010). O vocal de Steve Dreweet segura bem a responsa de um gênero musical pesado e a bateria de Paul Reynold refina o ataque sonoro. Uma interessante inovação para a época foi a composição de músicas mais longas, como a viajante Liar, que ocupa todo um lado do LP duplo, que também foi lançado no final dos anos 90, junto com o CD.



O som que emana dessa verdadeira pérola perdida do rock é fincado nas tradições do blues rock, que se disseminava no avançar dos anos 70. Para uma “localização” mais precisa, Maiden Voyage soa entre a pancadaria suja do Sir Lord Baltimore e a batida hard clássica do Blue Cheer. Hoje, tanto o LP como o CD (que em 2012 recebeu relançamento, com baixa tiragem) estão completamente desaparecidos do mercado. Em minha recente digressão nova-iorquina, finalmente consegui arrematá-lo graças a um vendedor associado à Amazon dos cafundós do meio oeste americano. Ponto final a uma caçada que já perdurava anos. Se o vir dando sopa por aí, não hesite. Arremate. Jamais vais se arrepender.

2 comentários:

  1. Muito, muito interessante essa coluna! São surpresas inesperadas e curiosas. É o tal "lado B" do Rock: bandas obscuras que militaram no gênero dominante do Rock de suas épocas, mas que não obtiveram sucesso. Tenho certeza que devem existir às dezenas em todas as épocas. Nesta semana mesmo, os caras do Poeira Zine (que fazem um podcast que acompanho) comentaram sobre uma lista de "melhores discos obscuros dos anos 60". ré-ré-ré. Papo delicioso. Fico até imaginando discos e bandas obscuras do pós-Punk, do próprio Punk, do Glam Rock, do Folk Rock etc. Aliás, na nossa coluna metaleira dos domingos eu já estou nessa também: como já varri todos os álbuns mais importantes e famosos do Heavy Metal, estou fazendo digressões por bandas e álbuns do "lado B" do gênero. É como pescaria, como informação ou algum treinamento você pode pegar um inesperado peixão. E bom apetite. Duca total essa coluna e seus textos, querido brow. Um deleite.

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  2. Caramba, acompanhas o pessoal da Poeira??? Eu também. Se bem que há muito não ouço seus podcasts. Nas férias, antes da viagem a NY, tentei dar uma atualizada, inclusive tinha um sobre landmarks do rock em London e NY, duca. Fui assinante da revista muito tempo, era (e é) um dos meus oráculos para pesquisas e informações. O Editor, Bento Araújo, virou meu chapa virtual e por muito pouco não encontramos com ele em Memphis, durante nossa inesquecível e lendária US Rock Tour. Pra mim ele é um dos maiores, se não o maior jornalista especializado do Brasil, um guerreiro do rock, tem uma coleção de discos de dar inveja aos grandes dos EUA, Inglaterra e Alemanha.

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