quinta-feira, 21 de setembro de 2017

The Cult: uma das principais bandas do revival do Hard Rock inglês, começou como góticos liderados por um xamã (parte 2)

O single "She Sells Sanctuary" (de mai/85) foi um enorme sucesso alcançando o nº. 15 nas paradas inglesas e passando 23 semanas no Top 100. Um mês após, em jun/85, a banda resolveu demitir o baterista Nigel Preston por crescente comportamento errático (!). Mark Brzezicki (ex-Big Country) foi chamado para substituí-lo e foi incluído no vídeo-clip de "She Sells Sanctuary". Confira:
A batida ultra energética e explosiva, os vocais crescentes e poderosos de Ian Astbury, o riff contagiante, os efeitos de eco da guitarra de Billy Duffy, o clima misterioso, o visual indígena hippie de Astbury, "She Sells Sanctuary" se tornaria uma das principais canções daquele ano no Rock e uma das mais emblemáticas em toda a carreira do The Cult. Eles aproveitaram e gravaram entre jul-ago/85 (no Jacob's Studios, em Farnham, Surrey) o novo álbum, "Love", lançado em out/85 pelo selo Beggars Banquet. O trabalho escancarou enorme evolução comparada ao repertório anterior. Era um discaço, excepcional, mesclando iguais partes de um Hard Rock psicodélico com Rock Gótico. Suas canções emanavam guitarras brilhantes, arranjos coesos, batidas nítidas e atuações sensacionais do vocalista Astbury. Além disso, o disco se beneficiava de um raro e maravilhoso senso de espaço (muito graças ao guitarrista Duffy, em performances precisas e comedidas) e melodias empolgantes, notadamente em "Revolution", "Hollow Man", "Nirvana", "The Phoenix", "Rain" (outro enorme hit), na faixa-título e claro, na perfeita "She Sells Sanctuary". Considerando a esquizofrenia musical que viria a seguir, muitos fãs do The Cult consideram esse o melhor momento da banda.
"Love" alcançou o nº. 4 das paradas no Reino Unido vendendo mais de 100 mil cópias por lá (mais de 500 mil na Europa, 100 mil na Austrália e mais de 500 mil nos EUA - até hoje, o disco vendeu mais de 2,5 milhões de cópias no mundo todo). De meados de 1985 até boa parte de 86 a banda empreendeu uma turnê mundial com um novo baterista, Les Warner (ex-Julian Lennon e ex-Johnny Thunders). Nesse período, dois singles foram lançados retirados do álbum "Love": "Rain" e "Revolution". De volta à Inglaterra, agendaram tempo no Manor Studios, em Oxfordshire, com o produtor Steve Brown (que havia produzido "Love") e gravaram mais de uma dúzia de novas canções. Entretanto, ficaram insatisfeitos com o som do novo disco, então intitulado "Peace", e decidiram ir a NYC onde o produtor Rick Rubin poderia remixar o primeiro single, "Love Removal Machine". Rubin aceitou o trabalho, mas apenas se eles regravassem a canção (eventualmente, Rubin os convenceria a regravarem todo o disco). A Beggars Banquet ficou insatisfeita com isto já que dois meses e 250 mil libras já haviam sido gastos. Entretanto, após ouvir as gravações novaiorquinas iniciais, a gravadora concordou com o procedimento.
O primeiro single, "Love Removal Machine" foi lançado em fev/87. Após uma introdução climática e toda cheia de suspense, rompia subitamente um som encorpado, todo baseado num riff contagiante, bem AC/DC, com energia estufando os auto-falantes e Astbury no comando de uma obra-prima. O novo álbum, "Electric", foi lançado em abr/87. Rubin, na verdade, limou todas as firulas e deixou o som da banda no essencial do Hard Rock, transformando Billy Duffy numa espécie de sucessor de Angus Young. Tudo com muita testosterona, muita diversão, uma espécie de grito de liberdade roqueira, resgatando toda uma atmosfera pauleira idolatrada por qualquer fã do bom e velho R'n'R, resultando numa poderosíssima explosão em altos decibéis, capaz de proporcionar instantâneos de punhos ao ar, "air guitar" e brados à plenos pulmões. Com a bateria de Les Warner funcionando maravilhosamente com os "power chords" de Duffy, o disco enfileirou uma sequência absolutamente matadora de canções de alta octanagem: "Wild Flower", "Peace Dog", "Lil' Devil", "Aphrodisiac Jacket", "King Contrary Man" etc. Todas poderiam muito bem ter sido lançadas em 1973, mas soavam pérolas em pleno 1987. Um prazer do início ao fim! Vendeu mais do que "Love" e a banda entrou em turnê com Kid Chaos no baixo e Jamie Stewart pulando para a guitarra rítmica. "Lil' Devil" e "Wild Flower" foram lançadas em single durante aquele ano. Algumas poucas canções do original "Peace" surgiriam em lados B desses singles, mas o álbum inteiro só viria à tona no ano de 2000 (incluído no disco 3 da caixa "Rare Cult"). Nos EUA, a banda (Astbury, Duffy, Stewart, Warner e Kid Chaos) abriu para os então desconhecidos Guns N' Roses. Tocaram no Roskilde Festival, na Dinamarca, em jun/87. Quando a turnê passou pela Austrália, eles destruíram 30 mil dólares de equipamentos e isto fez com a turnê japonesa fosse cancelada já que ninguém quis lhes alugar nada. O álbum "Electric" acabou vendendo mais de 3 milhões de cópias mundo afora, mas problemas começaram a surgir internamente. Astbury e Duffy demitiram Warner e o time de empresários e resolveram mudar-se para Los Angeles junto com o baixista Stewart (Warner ajuizaria ações contra essa demissão e contra royalties não pagos resultando longas batalhas em tribunais). 
Continua.

2 comentários:

  1. Esse disco é seminal. Para mim está entre os melhores, top 10 ou até 5 entre os álbuns pós anos 70.

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  2. Uma das melhores bandas em todos os tempos na minha opinião.Curti demais e curto ainda até hj os seus vídeos

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