O álbum "Down To Earth", já comentado, conceitual ao redor do tema de um circo, chegou a vender bem levando ao Top 40 a única canção do Nektar a escalar as paradas, "Astral Man". O disco seguinte, "Recycled", de 1976, dividiu opiniões. Por um lado, o instrumental não era tão sólido quanto clássicos trabalhos anteriores, deixando entrever uma queda da coesão da banda. O guitarrista Roy Albrighton, por exemplo, apresentava performance distante dos bons tempos. Por outro lado, a banda mantinha firme a habilidade de conjurar atmosfera de ficção científica com uso não ortodoxo de percussões, guitarras e teclados. Faixas como "Unendless Imagination" e "Cybernetic Consumption" chafurdavam num futurista amálgama de cordas e sintetizadores (com Larry Fast atuando aqui), ainda que por vezes seu tocar possa soar manufaturado e sem vida, levando junto todo o resto. "Sao Paulo Sunrise" e "Marvellous Moses", já mais para o final, surpreendiam pela criatividade que lembrava o primeiro álbum. "Recycled" não era um desapontamento total, mas flutuava na capacidade de prender a atenção do ouvinte. Albrighton então resolveu deixar a banda em dez/76, bem antes de iniciarem-se as gravações para o disco seguinte, o primeiro deles por uma grande gravadora. "Magic Is A Child", de 1977, marcou a estreia do guitarrista/vocalista Dave Nelson. O álbum era mais eclético, com canções cada vez mais curtas e ritmos bastante simples. Nas letras, abordava-se uma grande variedade de temas, da mitologia nórdica e a magia até assuntos bem terrenos como ferrovias e caminhoneiros. Um certo ar Pop, no entanto, foi fatal e os fãs viraram o pescoço e torceram o nariz para o disco. Um detalhe curioso é que uma Brooke Shields de 13 anos de idade aparecia na capa frontal do disco. No resto, muito pouco em "Magic Is A Child" lembrava o Nektar do Rock Progressivo. O lançamento da coletânea "Best Of..." (em LP duplo) foi o prenúncio e, em 1978, a banda se dissolveu, mas logo em 1980, Albrighton e Freeman a reformaram, com o baixista Carmine Rojas e com o baterista Dave Prater.
Esta turma lançou "Man In The Moon". Era a época do "Hair Metal", gênero do Hard Rock que sempre teve grande preocupação com a imagem (muitas vezes, até mais do que com a música em substância). Se você nunca ouviu este disco, não espere nada perto de "Remember The Future" ou "Tab In The Ocean". Curiosamente, também não espere ouvir aqui algo parecido com "Magic Is A Child". A música do Nektar agora era orientada para o Pop (mais do que nunca), canções curtas e pegajosas. Mesmo assim, alguma faixas se salvavam. Um fator surpreendente eram os ótimos vocais de Roye Albrighton (talvez, o disco valha por suas performances cantando). Longe de ser um bom ponto de entrada na discografia da banda, era como se o Nektar tivesse passado por uma transformação total. O grupo se dissolveu novamente em 1982. Quando ninguém esperava mais nada, eis que, em 2002, o Nektar se reagrupou com uma nova formação (Albrighton, Freeman e o baterista Ray Hardwick) e lançaram o álbum "The Prodigal Son" (marcando um retorno, vinte anos depois). O disco era decente, ainda que bem aquém do que o Nektar havia feito 25 anos atrás. Na realidade, ele soava como um disco solo de Roye Albrighton, um talentoso guitarrista e ótimo cantor. Havia ali algumas boas canções sim, mas poucas eram realmente memoráveis de dignas de nota. Freeman teve participação mínima (nada que passasse perto de suas memoráveis performances no órgão Hammond, Mellotron e piano, nos álbuns clássicos da banda). O disco era quase um trabalho de um Eric Clapton genérico. No ano seguinte, eles foram atração principal no NEARfest (em Trenton, NJ) com Moore retornando ao baixo e Larry Fast nos sintetizadores. Passaram a se apresentar em diversos festivais de Prog-Rock. Em 2003, Hardwick, Moore e Fast saíram e foram substituídos pela volta de Howden e um novo baixista, Randy Dembo. Não se perca na confusão de mudanças.
"Evolution", de 2004, surgiu na esteira da campanha de relançamentos dos primeiros álbuns remasterizados e em deluxe editions. Com os membros originais Albrighton, Freeman e Howden (mais o novato Randy Dembo), o Nektar provou evoluir na prática. Desde a faixa de abertura, "Camouflage To White" até a de fechamento, o mini-épico "After The Fall", o disco deixava entrever o Nektar de outrora, embora com um estilo e visão mais modernos, adaptado aos novos tempos. Fãs antigos apreciaram os mantras giratórios (principalmente na faixa "Phazed By The Storm") e as belas guitarras do álbum. Com uma temática única típica de álbum conceitual (uma avaliação da evolução humana), "Evolution" surpreendeu com ótimas baladas e Hard Rocks, partes mais orquestrais e passagens totalmente Prog. Um disco que recolocou o Nektar nos trilhos certos. Na sequência, Freeman foi substituído por Tom Hughes. Em ago/2006, Dembo e Hughes deixaram a banda, citando problemas de comunicação, questões monetárias e de relacionamento, além de dúvidas quanto à credibilidade do empresário deles. Dembo foi brevemente substituído por Carmine Rojas (que voltou, mas logo saiu). A banda acabaria se firmando com a formação Albrighton, Howden, Steve Adams (guitarras), Desha Dunnahoe (baixo) e Steve Mattern (teclados). O Nektar seguiu tocando em festivais de Rock Progressivo ao redor do globo. O novo empresário Roy Clay apresentou problemas de tributação no início de 2007. Em meados de 2007, uma turnê solo de Roye Albrighton foi seguida por outra da banda com prevalência europeia. "Book Of Days", de mai/2008, outro álbum foi lançado quando Adams, Dunnahoe e Mattern já haviam deixado a banda. Considerado um bom trabalho (embora inferior a "Evolution"), alternando faixas melódicas com arranjos neo-Prog, mas também partes com batidas mais Pop e até meio funky. Deixava a impressão de que o Nektar era realmente uma banda de um dono: Roye Albrighton. Para os shows que se seguiram, além de Albrighton e Howden (membros originais), foram recrutados Klaus Henatsch (teclados) e Peter Pichl (baixo). Esta turnê ficou notória porque eles passaram a tocar "Remember The Future" na íntegra.
Um álbum ao vivo, "Fortyfied", foi lançado em 2009. Foi um disco que buscou reposicionar a banda na cena Prog recapturando a atmosfera de sua música de mais de 30 anos atrás. Longas versões de suas melhores canções, com Albrighton já sem a mesma potência vocal, mas cercado de músicos competentes tocando de maneira inspirada e atrativa. As performances já não eram tão complexas, mas ainda havia muito Space Rock. Sem overdubs, era claramente um disco para velhos fãs, com lindo libreto, cheio de fotos. Quando "A Spoonful Of Time", de 2012, surgiu, Pichl já não estava mais na banda (as tarefas do baixo ficaram a cargo do músico de estúdio Jürgen Engler, de Billy Sheehan - do Mr. Big, e de Billy Sherwood, ex-Yes e também produtor do disco). Esta formação (Albrighton, Howden, Henatsch e Sherwood) fez um álbum de covers! Intrigante por duas razões: as canções escolhidas não era de Prog-Rock e até surpreendentemente mainstream. Faixas do Blind Faith, Toto, Manfred Mann, Rolling Stones e até The Doors. Nenhuma delas era especialmente um desastre, mas acabavam funcionando como música de restaurante. Nem mesmo uma enorme lista de participações especiais (Patrick Moraz, Steve Howe, Ginger Baker, Rick Wakeman, entre outros) elevava a temperatura. Desnecessário.
Em 2013, surgiu "Time Machine", com a mesma formação. Um álbum chato, sem nada novo, sem tentativa de nada diferente, Climas geralmente reflexivos, saudosos, algumas baladas (com certo ar do Yes), bastante desapontador, sem destaques. Em 2014, Sherwood saiu da banda e foi substituído por Lux Vibratus (!), mas infelizmente em 26/jul/2016, Roye Albrighton morreu de uma doença desconhecida, deixando o futuro do Nektar completamente indefinido.
Um álbum ao vivo, "Fortyfied", foi lançado em 2009. Foi um disco que buscou reposicionar a banda na cena Prog recapturando a atmosfera de sua música de mais de 30 anos atrás. Longas versões de suas melhores canções, com Albrighton já sem a mesma potência vocal, mas cercado de músicos competentes tocando de maneira inspirada e atrativa. As performances já não eram tão complexas, mas ainda havia muito Space Rock. Sem overdubs, era claramente um disco para velhos fãs, com lindo libreto, cheio de fotos. Quando "A Spoonful Of Time", de 2012, surgiu, Pichl já não estava mais na banda (as tarefas do baixo ficaram a cargo do músico de estúdio Jürgen Engler, de Billy Sheehan - do Mr. Big, e de Billy Sherwood, ex-Yes e também produtor do disco). Esta formação (Albrighton, Howden, Henatsch e Sherwood) fez um álbum de covers! Intrigante por duas razões: as canções escolhidas não era de Prog-Rock e até surpreendentemente mainstream. Faixas do Blind Faith, Toto, Manfred Mann, Rolling Stones e até The Doors. Nenhuma delas era especialmente um desastre, mas acabavam funcionando como música de restaurante. Nem mesmo uma enorme lista de participações especiais (Patrick Moraz, Steve Howe, Ginger Baker, Rick Wakeman, entre outros) elevava a temperatura. Desnecessário.
Em 2013, surgiu "Time Machine", com a mesma formação. Um álbum chato, sem nada novo, sem tentativa de nada diferente, Climas geralmente reflexivos, saudosos, algumas baladas (com certo ar do Yes), bastante desapontador, sem destaques. Em 2014, Sherwood saiu da banda e foi substituído por Lux Vibratus (!), mas infelizmente em 26/jul/2016, Roye Albrighton morreu de uma doença desconhecida, deixando o futuro do Nektar completamente indefinido.
Caramba, nem sabia que a banda tinha lançado tantos discos. Recycled foi meu último. Cheguei a ver Magic is a Child nas prateleiras mas não me animei mais após o irregular Recycled. Sabia que a banda estava na ativa. Até vieram ao Brasil, acho que em 2003 (tentei ir, mas tive que viajar a trabalho na época), mas achei que não gravassem mais discos. Interessante os comentários sobre Evolution, hein! Vou conferir. As capas continuaram legais como sempre. Com a morte de Albrighton,acho que o grupo encerrou as atividades de vez.
ResponderExcluirHá muita raridade do Nektar indicada somente para fãs inveterados. Não citei no texto das duas postagens por aprofundar excessivamente. Mas posso citar:
ResponderExcluir1) Nektar - "Boston Tapes" (1970) Gravação feita antes do primeiro álbum, nunca lançada e considerada perdida por muitos anos. Lançada em 2006. Algumas canções foram escritas antes do Nektar ser montado. "New Day Dawning", por exemplo, era uma faixa escrita por Roye na época dos "The Rainbows";
2) Nektar - "Unidentified Flying Abstract" - gravado na exata sequência quando terminaram as sessões do álbum "Down To Earth". Eles resolveram, ali dentro do estúdio, ficar tocando descompromissadamente, por diversão. O engenheiro Barry Hammond gravou tudo e o resultado é maravilhoso e o Nektar do jeito mais relaxado que você irá ouvir;
3) Há muita coisa ao vivo também: "Nektar Live 2004 Tour", "Nektar Live In Darmstadt 1971", "Nektar Live In Detroit 1975", dentre outros.