Man - País de Gales
Esta ótima banda galesa ficou a um trisco de não ser incluída nesta coluna de belas obscuridades do rock. Não é bem o que podemos chamar de um grupo raro, embora nunca tenha alcançado sucesso em larga escala. Muito conhecida na Europa, especialmente na Alemanha, o Man também fez várias tours pelos EUA e dividiu palco em diversas fases com grupos como Soft Machine, Yes, Family, Status Quo, Badfinger, Hawkwind, Reo Speedwagon e Blue Oyster Cult, entre outros. Mas no Brasil, por exemplo, segue no mais completo anonimato, mesmo tendo tido alguns de seus álbuns lançados aqui, já que pertencia ao cast da major Warner. Uma pena, pois o grupo tem uma excelente discografia.
Surgida em Swansea, no começo dos anos 60 como Bystanders, após alterações na formação e experiências musicais, foi renomeada em 1968, seguindo a trilha do rock progressivo com fortíssima influência da psicodelia da costa oeste americana e do blues. Suas longas jams ao vivo ficaram famosas, mas a constante troca de integrantes atrapalhou a consolidação do conjunto, que jamais gravou dois discos seguidos com a mesma formação. Cerca de 20 membros diferentes passaram pelas fileiras do Man.
O primeiro álbum saiu pela Pye Records em 1969. Revelations é puro space rock com psicodelia. Um dos melhores discos do grupo, 2 Ozs of Plastic with a Hole in the Middle, veio a tona no mesmo ano. A partir de 1971, já em um dos selos da Warner, emplacou uma série de ótimos discos. Foram oito até 1974, todos acima da média, além de um ao vivo. Ou seja, nove álbuns em 4 anos, uma produtividade louvável. Destaques para Do You Like It Here Now (71), Are You Settling In? (71), Be Good to Yourself at Least Once a Day (72) e Rhinos, Winos and Lunatics (74). Este ultimo, o medalha de ouro de sua longa discografia.
Até aí todos os discos eram muito bem recebidos pela crítica, embora o sucesso não se traduzisse em vendas. Canções harmoniosas, arranjos intrincados e ótima performance instrumental, com destaques para os riffs de guitarra, belos vocais e teclado criativo e viajante estavam sempre no cardápio. O grupo se dissolveu em 1976. Voltou em 1983 e até hoje encontra-se na ativa, sediado em Berlim, onde se fixaram por longas temporadas quando curtiam o auge. Em razão disso, foi muito associado ao movimento Krautrock, de quem absorveu muito de sua sonoridade com o passar dos anos.
Quase todos os membros fundadores e alguns que foram agregados com o tempo já morreram, mas a banda ainda se apresenta em clubes prestigiados da Europa (mais na Alemanha). O último lançamento, Reanimated Memories, data de 2015.
Uma banda promissora da virada dos anos 60 para os 70, que eu classificaria entre o Space Rock (do Nektar) e o Acid Rock (do Quicksilver Messenger Service). O primeiro álbum "Revelation" (de 69) tinha uma curiosidade, a faixa "Erotica" com o som de orgasmo, tudo em meio à muito teclado Hammond (lembrando Iron Butterfly), guitarras pesadas e muitos experimentos sonoros. O guitarrista Deke Leonard chegou a ser aclamado por suas performances ao vivo. Da discografia do "Man", já ouvi elogios ao disco ao vivo deles, o "Live at the Padget Rooms, Penarth", de 1972, o disco que representou-lhes o salto do relativo underground para o grande público. Infelizmente, exatamente depois dele Deke Leonard decidiu sair para trilhar carreira solo (começada com o ótimo álbum "Iceberg", de 1973, o melhor dele). O Man entrou num processo de mudanças na formação. Os álbuns "Back into the Future" (de 73), "Slow Motion" (de 75) e "Rhinos, Winos and Lunatics" (de 75) são bem considerados. Porém, "Maximum Darkness" (de 76) foi muito criticado levando a "The Welsh Connection" ser o último deles antes da separação, embora ainda tenham lançado um outro depois disto, "All's Well That Ends Well", em 77. Durante os anos 80, houve uma reunião (inclusive com Deke Leonard presente) e a banda migrou para o circuito "Pub Rock", que eles decisivamente ajudaram a construir. O baterista Terry Williams ingressaria no Dire Straits. Na década de 90, toda a discografia do Man foi relançada. A banda seguiu na ativa, mesmo quando Micky Jones (guitarra e vocais) foi diagnosticado com um tumor (ele morreu em mar/2010). Clive John (guitarra, teclado, vocais) morreu de enfisema em ago/2011. Em retrospectiva, todos os álbuns do Man antes de 1975 (são 10) são interessantes, com destaque para a estreia "Revelation" (de 69), "Back into the Future" (de 73) e "Rhinos, Winos and Lunatics" (considerado o melhor, de 75). Em 2007, surgiu um CD chamado "Christmas at the Patti", gravado pela banda numa festa de Natal/72. O Man reuniu um monte de bandas locais de Swansea e gravou tudo. A festa ganhou status de lendária por ter começado às 18h e ter sido parada à meia-noite pela polícia (o Man mesmo só tocou meia-hora). Nunca ouvi, mas dizem que é sensacional.
ResponderExcluirTenho a caixinha deles, Original Albun Series, que traz entre eles o excelente Rhinos, Winos and Lunatics e os também ótimos Do You Like It Here Now, Are You Settling In? e Be Good to Yourself at Least Once a Day. Mas ela não traz o bem cotado Back into Future e o sensacional 2 Ozs of Plastic with a Hole in the Middle, que comprei à parte. Também não traz Revelation, que eu tenho muita curiosidade em conhecer. O lance do som de orgasmo em uma das faixas é famoso.
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