Se nada der errado nos próximos cinco meses, o grupo americano Ministry fará sua estreia em palcos brasileiros no dia 6 de março, no Audio, em São Paulo. Torço muito para que isso aconteça. Pelo menos quatro vezes nas últimas duas décadas, esse show bateu na trave por aqui. Sei porque estive envolvido em diversas negociações para trazê-los, e todas caíram por terra na última hora. Agora, parece que vai. Dedos cruzados. Em 1992, o líder do Ministry, Al Jourgensen, deveria ter vindo ao Brasil para o lançamento de meu livro "Barulho". Passagem comprada, visto tirado, hotel reservado, e Al deu pra trás no último momento. Vieram seu parceiro na banda, Paul Barker, e Jello Biafra, ex-Dead Kennedys. Depois disso, surgiram inúmeras propostas, reuniões, telefonemas e faxes - época pré-Internet - mas, na última hora, algo sempre acontecia: ou Al era internado em alguma clínica, ou sofrera algum acidente, ou alguém da banda morria. A turnê brasileira do Ministry parecia amaldiçoada. Dia 6 de março estarei no Audio. Não perco isso por nada. Vi meu último show do Ministry há uns 20 anos e não conheço a nova formação, mas os cinco ou seis que assisti foram dos mais intensos e memoráveis. Para quem não conhece, o Ministry é uma banda de som industrial-metal surgida em 1981. No início, era um grupo de Synthpop dançante, na linha New Order e Depeche Mode. Mas, na segunda metade dos anos 80, Jourgensen se juntou a Paul Barker, do grupo Blackouts, e descobriu que podia misturar guitarras pesadas com batidas dançantes. O Ministry virou um Godzilla eletrônico e lançou três discos clássicos: "The Land of Rape and Honey" (1988), "The Mind is a Terrible Thing to Taste" (1989) e "Psalm 69" (1992). Nas turnês, o palco tinha uma grade separando banda e plateia. Ninguém sabe se para proteger o grupo dos fãs, ou os fãs de Al Jourgensen. O laserdisc "In Case You Didn't Feel Like Showing Up" é o filme-concerto que mais vi na vida. Aí vai uma palhinha:
Que Jourgensen tenha sobrevivido até 2014 é um milagre. Perto dele, Lemmy parece o apresentador do "Bem Estar". Se duvida, leia a autobiografia de Al, “Ministry: The Lost Gospels According to Al Jourgensen”, uma sucessão impressionante de histórias escabrosas.
Vários de seus companheiros de Ministry e de projetos paralelos - Lard, Revolting Cocks, 1000 Homo DJs - não tiveram a mesma sorte: Jeff Ward (Lard) e William Tucker (Ministry) cometeram suicídio; Mike Scaccia e Paul Raven, ambos do Ministry, morreram de ataques cardíacos antes de completarem 50 anos; o amigo e colaborador El Duce (Mentors) morreu atropelado por um trem enquanto fazia saudações nazistas para o condutor.
Faltam pouco menos de cinco meses para Al Jourgensen pisar no Brasil. Estamos na contagem regressiva.
Retirado do site http://entretenimento.r7.com/blogs/andre-barcinski/ministry-no-brasil-20141010/
Retirado do site http://entretenimento.r7.com/blogs/andre-barcinski/ministry-no-brasil-20141010/
Pedrada!
ResponderExcluirAdoro o Ministry, seu líder realmente é um caso a ser estudado pela medicina por ainda estar respirando, quanto mais excursionando. Mas a banda hoje é outra. E o som? Ainda radical?
ResponderExcluirOlha, depois da trinca perfeita citada na postagem, o Ministry lançou "Filth Pig" (1995, muito criticado por ser uma barulheira monótona, sem pegada e criatividade - a banda lidava com problemas com drogas, prisões e mudanças de formação), "The Dark Side of the Spoon" (de 1999, trouxe tentativa de coisas novas no som, tem até seus momentos, mas é irregular, soa dopado, longe de meter medo como no auge), "Animositisomina" (de 2003, foi uma espécie de volta aos bons tempos, ao som do "Psalm 69", porrada Industrial + Metal, agressivo enquanto melódico, algumas tendências experimentais, mas um sólido disco), trilogia "Houses Of The Molé"/"Rio Grande Blood"/"The Last Sucker" (de 2004/06/07, ataques ao presidente Bush, lotados de samples manipulados, bem Thrash, revolucionários, barulhentos e em multicamadas, elogiados - na época, "The Last Sucker" foi anunciado como o último álbum da banda), "Relapse" (de 2012, foi o disco da volta, mais pesado e mais rápido, mas tudo sob controle, um monstro Industrial-Thrash furioso e politizado, trilha mais radical para movimentos de protesto já feita), "From Beer to Eternity" (de 2013, homenagem à morte de Mike Scaccia, eclético e ultra-raivoso, bem Revolting Cocks, mantendo as críticas pesadas aos Republicanos, com momentos que lembram "A Mind Is A Terrible Thing To Taste" e os anos de Metal que vieram na sequência. Foi anunciado como novo disco final. Será?)
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