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| Brooker, Whitehorn, Dunn, Pegg e Phillips |
Apenas cinco meses após ter anunciado o fim, a banda se reuniu para uma única performance de "A Whiter Shade Of Pale", que havia ganho vida própria separada do grupo (a canção foi declarada vencedora, junto com "Bohemian Rhapsody" do Queen, como o melhor single da música britânica entre 1957-77 no Britannia Awards, que marcou o jubileu de prata da rainha Elizabeth II. O Procol Harum fez a performance na cerimônia do prêmio. Tirando Robin Trower, Gary Brooker acabou sendo o mais bem sucedido e visível de todos os ex-membros do Procol Harum, tendo lançado três álbuns solo entre 1979-85.
O primeiro que ele lançou foi "More Fear Of Flying" em 79, pela Chrysalis, com produção de George Martin e conseguiu atrair atenção. Claro, havia as características familiares de Brooker: o piano e a voz Soul caramelada, mas ele mudou de parceiro nas letras (exceto na faixa-título), trocando o longo parceiro Keith Reid por Pete Sinfield (do King Crimson e ELP). Ele também tentou dois covers: "Pilot" do Pub-Rocker Mickey Jupp (a versão de Jupp é melhor) e "Say It Ain't So, Joe", de Head & Leg (a versão de Roger Daltrey é melhor). No todo, era um disco variado que conseguia soar algo diferente do Procol Harum, embora demonstrasse também que a carreira solo de Brooker não representaria uma melhoria sobre a discografia da banda. "Lead Me To The Water", de 1982, pela Mercury, teve toda a música e letras feitas por Brooker, além dele ter assumido a produção. O resultado foi talvez sua realização mais pessoal como artista. Aqui, Brooker apresentava suas canções não apenas as interpretando, mas se superpondo à banda (que incluía gente como Eric Clapton, George Harrisson, Phil Collins). Sem pressão por se separar do som original do Procol Harum, ele se sentiu à vontade para criar música fiel à sua identidade musical natural (sem letras tão filosóficas, mas algo intrigantes).
"Echoes In The Night", de 1985, produzido por Matthew Fisher (seu companheiro da formação original do Procol Harum), foi o disco que todos os fãs estavam esperando há oito anos pois, afinal, trouxe uma reunião extra-oficial da banda ao juntar o próprio Matthew Fisher (órgão), Keith Reid (letras) e B.J. Wilson (bateria). Eles não tocavam juntos em todas as faixas, mas quando isto acontecia (principalmente, na faixa-título, que também contou com Eric Clapton, em "Saw The Fire" e em "Ghost Train"), o Procol Harum estava ali, de volta. Mesmo na parte em que Fisher e Reid não participaram, Brooker emulava a pegada do Procol Harum (como em "Mr. Blue Day", em que acrescentou a National Philharmonic Orchestra). É considerado o melhor da carreira solo dele. No restante da década de 80, Brooker, no entanto, voltou-se para compor música orquestral, principalmente música para balés. Participou ainda como convidado de uma reunião do Fairport Convention (o Procol Harum e o Fairport eram bandas muito amigas), em ago/90. Mesmo com tudo isso, a música do Procol Harum foi desaparecendo das consciências do mundo do Rock a ponto da morte do baterista B.J. Wilson, naquele 1990, ter sido amplamente ignorada. Por isso, a surpresa quando em ago/91, Brooker reformou a banda com Trower, Fisher, Reid e o baterista Mark Brzezicki. O álbum da volta, "Prodigal Stranger" foi lançado naquele mês e uma turnê por onze cidades dos EUA aconteceu no mês seguinte. Entretanto, após 14 anos de separação, as decepções eram evidentes: sem B.J. Wilson (um dos arquitetos do som da banda), com Keith Reid escrevendo de maneira convencional e mundana, o trio Brooker-Fisher-Trower não consegue brilho instrumentalmente e faz frequente uso do sintetizador (no lugar do órgão Hammond). Desapontador. Esta formação não durou muito (todos já com mais de 50 anos). Brooker, então, montou uma nova versão do Procol Harum para o acompanhar com Geoffrey Whitehorn (guitarras), Don Snow (teclados) e Brzezicki (bateria). Imediatamente, eles entraram em excursão pelos EUA, em 1992. Convidados pelo Fairport Convention, tocaram no Cropredy Music Festival em 95, mas ficaram inativos por anos depois disto.
Brooker organizou um show beneficente para a igreja de St. Mary's And All Saints, em Surrey, em set/1996 e lançou uma versão gravada por seu próprio selo, o Gazza Records. Acompanhado de amigos e um quarteto de cordas, eles tocaram peças eruditas, adaptações gospel e canções do Procol Harum. O resultado era charmoso e iluminava as origens da banda. Um show de comemoração de 30 anos da banda aconteceu em Surrey e um concerto ao ar livre com a New London Sinfonia, em 2000. Um DVD ao vivo foi lançado em 2002, seguido de um álbum novo de estúdio, "The Well's On Fire", de mar/2003. Neste primeiro trabalho de inéditas desde 1991, viu-se um retorno à boa forma. Sem os sintetizadores datados e de volta ao som roqueiro, este foi o melhor disco deles em quase 30 anos. Clássico Procol Harum, misturando Rock Progressivo, R'n'B e erudito. Performances coesas e vivas, sem ser mera nostalgia e agregando elementos contemporâneos.
Esta formação (Brooker-Fisher-Whitehorn-Matt Pegg (baixo)-Brzezicki) fez shows nos EUA e gravou o pacote CD/DVD "Live At The Union Chapel", em Londres. Fisher deixou a banda em 2004 e, no ano seguinte, Josh Phillips assumiu os teclados. Esta versão se apresentou esporadicamente pelos doze anos seguintes tocando como banda ou com orquestras pela Europa. Eventualmente, Geoff Dunn assumiu a bateria no lugar de Brzezicki. Em 2010, além de tocar em alguns festivais, o Procol Harum excursionou abrindo para o Jethro Tull. Em 2012, foram indicados ao R'n'R Hall Of Fame (mas não entraram). Excursionaram abrindo para o Yes. Em 2017, fizeram um concerto orquestral no Royal Festival Hall, abrindo comemorações dos 50 anos da banda. Na primeira metade do show, Brooker caiu (seu terceiro incidente desde 2007) e machucou a cabeça e a mão direita. Mas conseguiu tocar o resto do show. "Novum", seu primeiro álbum de inéditas em 14 anos, surgiu em abr/17. Produzido por Dennis Weinrich e resultado de composição coletiva (letras à cargo de Pete Brown, famoso com o Cream e a Graham Bond Band), 50 anos após "Whiter Shade Of Pale" ter introduzido o conceito do Rock Progressivo, o Procol Harum mantinha-se vivo, ainda que só com Gary Brooker da formação original. Com Whitehorn, Pegg, Phillips e Dunn (formação já junta por 10 anos!), o disco era bom, retrato de uma banda em movimento (e não um projeto envelhecido de uma reunião). O som roqueiro era típico da fase "Broken Barricades", com menos momentos eruditos. Canções boas, letras espertas, novamente o clássico Procol Harum (com Brooker cantando muito) superando expectativas: energético, roqueiro e sofisticado.









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