sexta-feira, 29 de setembro de 2017

Sexta Sexy: Sade Adu

Quando a cantora Sade e sua banda de mesmo nome surgiram, a gravadora Epic fez questão de grafar na capa do discos "pronuncia-se Shah-dê". Logo, logo, a correta pronúncia deixaria de ser problema para eles. Com o super single "Smooth Operator" (um Top Ten nos EUA, em set/84) o álbum de estreia deles, "Diamond Life", disparou nas paradas em 1985 tornando-os símbolos de um Pop sofisticado, cheio de Soul adulto. Embora eles tenham lançado apenas mais cinco outros álbuns, o culto à banda pouco diminuiu ao longo dos anos e Sade tornou-se uma diva tão linda e amada quanto misteriosa. Nascida Helen Folasade Adu em Ibadan, Nigéria (terceira maior cidade do país, a cerca de 80 Km de Lagos, a capital), em 16/jan/1959, Sade era filha de pai africano e mãe inglesa e, após sua mãe ter retornado à Inglaterra, ela cresceu em Londres. Desenvolveu suas habilidades de cantora na adolescência, enquanto atuava em empregos fora do mundo artístico. Ela adorava Ray Charles, Nina Simone, Al Green, Aretha Franklin e Billie Holiday. E mais: ela estudou moda e design na St. Martin's School of Art, em Londres, enquanto fez também alguns trabalhos como modelo. Por volta de 1980, então com 21 anos, ela juntou-se ao grupo "Arriva", que fazia um Soul latino. Uma das canções mais populares deles acabou sendo uma composição de Adu, coescrita com um outro membro da banda (Ray St. John), "Smooth Operator". Em 81, ela se juntou a outra banda chamada "Pride" (também de Soul latino), atuando como vocalista de apoio. Logo, eles chamaram atenção de gravadoras. Em 82, a partir de membros do "Pride" (o trio Adu nos vocais, Stuart Matthewman na guitarra/sax e Paul Denman no baixo), surgiu o Sade, que ainda contou com Paul Anthony Cook na bateria. O quarteto começou a compor após Adu se tornar "Sade Adu" e estrearam em dez/82 tocando no Ronnie Scott's Club, em Londres, abrindo para o próprio "Pride". Em mai/83, a banda foi aos EUA fazer sua estreia no Danceteria Club, de NYC. Andrew Hale (teclados) entraria na sequência. Em out/83, eles assinaram com a Portrait Records (subsidiária da Epic).
O álbum de estreia, "Diamond Life" foi um enorme sucesso. Lançado em jul/84, gerou impacto imediato. O som e a abordagem eram de Pop elegante, jazzy, com elementos de R&B e Funk (tudo muito estilizado na linha do Steely Dan). Cheio de lindas canções ("Your Love Is King", "When Am I Going To Make a Living", "Hang On To Your Love" e claro, "Smooth Operator"), classudo, letras sobre o amor, ambiente de nightclub, batidas latinas, baixo suigante e proeminente, metais, produção impecável, com Adu desfilando sofisticação, o disco foi ao nº. 2 das paradas norte-americanas e passou seis meses lá (tornando 4 vezes platina), ganhou o Brit Awards de melhor álbum daquele ano e levou a banda à uma grande turnê pelo Reino Unido (acrescentando Dave Early na bateria, Martin Ditcham na percussão, Terry Bailey no trompete e Gordon Matthewman no trombone). "Smooth Operator" fez ainda mais sucesso devido à seu vídeo-clip. Vamos relembrá-lo:
Em 85, a banda destacou-se no MTV Video Music Awards e naquele julho eles se apresentaram no "Live Aid", no Wembley Stadium, em Londres. O segundo álbum, "Promise", de nov/85, seguiu a mesma trilha do primeiro (usando o mesmo time de produtores) e trouxe outros grandes sucessos, "Sweetest Taboo", "Is It a Crime" e "Never As Good As The First Time". Tratava-se de um aprimoramento daquela persona cool, descontraída, de emoções distantes e estilizadas, porém altamente embaladoras e dançantes. Adu ficava, assim, ainda mais desejável nas mentes de fãs, ainda mais diva. Gravado ao vivo (como na estreia), o disco usava tecnologia (batidas sampleadas, por exemplo) esbanjando delicada e cuidadosa elegância (tanto de produção quanto de instrumental), com Sade Adu planando nas canções, completamente estilosa e sugestiva. Não deu outra! O álbum vendeu horrores (atingiu o nº. 1 nos EUA e no Reino Unido, onde foi certificado platina quádrupla e dupla, respectivamente), "The Sweetest Taboo" ficou seis meses no Top 100 dos EUA e a banda conquistou o Grammy. Em jun/86, após uma longa turnê, a banda tocou no show "Artists Against Apartheid" do Freedom Festival, em Londres.
"Stronger Than Pride", de mai/88, o terceiro álbum, trouxe intensidade e fogo àquela fórmula. "Love Is Stronger Than Pride", "Haunt Me", "Nothing Can Come Between Us", "Turn My Back On You", "Give It Up" e o hit "Paradise", alguns dos destaques, não demonstraram nova direção (pois Adu continuava cantando introspectivamente e reflexiva), mas os ricos arranjos, o refinamento instrumental, o romantismo à flor da pele, a sofisticação Pop-Soul-Dance fizeram com que o álbum atingisse o nº. 3 no Reino Unido e fosse novamente multi-platinado. A banda excursionou novamente pelo mundo com vários músicos de apoio. Nesse momento, eles levaram quatro anos para produzir o álbum seguinte, "Love Deluxe", que só surgiu em nov/92. Incluindo o hit "No Ordinary Love", o trabalho marcou um retorno ao vocais mais distantes e estilizados que tanto fizeram da estreia uma sensação. Mantendo os ritmos hipnóticos, arranjos jazzy e contemporâneos, tudo altamente classudo, incluiu faixas lindas como "Mermaid", "Pearls" e "Feel No Pain". Continuou a série de álbuns super platinados e premiados. Em 93, a banda gravou um cover de "Please Send Me Someone To Love" (de Percy Mayfield) para a trilha do filme "Philadelphia" (que ganhou o Oscar), antes de entrarem em turnê. Um novo Grammy foi ganho em 94 pela performance em "No Ordinary Love" (que fez parte da trilha do filme "Proposta Indecente"). Naquele novembro, eles lançaram a primeira compilação, "The Best Of Sade", outro Top Ten em ambos lados do Atlântico, também platina quádrupla.
Em out/96, Hale, Denman e Matthewman resolveram montar um projeto paralelo, o "Sweetback" e lançaram um álbum. Matthewman havia montado seu próprio estúdio em NYC e lançado uma série de singles 12" baseados na Dance Music (todos utilizando pseudônimos como "Cottonbelly" ou "Edge Test"). Ele também havia produzido e co-escrito três faixas do álbum de estreia de Maxwell, "Maxwell's Urban Hang Suite". Hale e Denman trabalharam gravando música para desfiles de moda e lojas de roupas. Finalmente, após alguns meses trocando fitas, os três recrutaram cantores e entraram no estúdio para gravar o álbum de estreia. Com texturas musicais indo da Soul Music ao House, o suculento ecletismo e a sofisticada musicalidade conquistaram a imprensa especializada. Estes 3/4 da banda Sade fizeram música bem mais underground, sem a sugestão de clubes sofisticados de Jazz (e sem sua esbelta cantora). Numa entrevista, eles definiram o som como "Global Soul Music". Bem, traduzindo: mistura de Ambient Dub, Trip Hop, Retro Soul e pitadas de Jazz. Tudo suave, chique e estiloso ao extremo. Certas passagens soavam como trilha-sonora, noutras ficava a sensação de subitamente Adu surgir. No fim das contas, era bem relaxante. A banda Sade voltou a se reunir em nov/2000 para o álbum "Lovers Rock". Surpreendentemente, era um álbum com mais elementos do Rock (guitarras bem proeminentes), como evidenciado no primeiro single, "By Your Side" (um moderado hit). Os elementos jazzy foram abandonados em troca do uso de outros do R'n'B, Dub, Reggae etc. Não pense que era um disco ruim. "Somebody Already Broke My Heart", "Every Word"... todas era Sade puro. Outro prêmio Grammy, o nº. 3 nos EUA e uma grande turnê em 2001.
Isto levou à gravação do álbum "Lovers Live" (de fev/2002) no Arrowhead Pond (em Anaheim, CA) e no Great Western Forum (em Inglewood, CA). Tanto em CD, quanto em DVD, foi outro grande sucesso. A banda ressurgiu no final de 2009 com o álbum "Soldier Of Love". Foi um evento. A faixa-título imediatamente ganhou rotação nas rádios do mundo inteiro, mas o disco era mais dramático, menos hipnótico, menos romântico, mais triste e solitário.

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