Para o álbum seguinte, a dupla Ian Astbury e Billy Duffy manteve o baixista Jamie Stewart e trouxe John Webster para tocar os teclados. O grupo usou Chris Taylor (ex-Edwyn Collins) como baterista durante os ensaios e gravação de demos (Eric Singer, futuro baterista do Kiss, também participou dessas sessões). Eventualmente, a banda recrutou o baterista Mickey Curry (ex-Hall & Oates e Bryan Adams) e o engenheiro de som Bob Rock (do Aerosmith) para a produção. Com um novo contrato e 21 novas canções prontas, eles partiram para Vancouver, no Canadá (um país que Astbury amava e por ele considerar a cidade muito limpa, de ar puro e cheia de paz) e, entre out-dez/88, gravaram o álbum "Sonic Temple". Lançado em abr/89, este trabalho era bem mais variado do que seu antecessor. Mesmo mantendo o Hard Rock anterior, eles também tentaram diferentes estilos, da porrada metalizada, levadas setentistas com muito Fuzz, psicodelia ou baladas e até um Hard mais radiofônico, em alguns momentos. Nem tudo funcionava perfeitamente, algumas soando experimentos, mas foi o suficiente para que eles alcançassem o Top Ten nos EUA e no Reino Unido, muito graças ao hit "Fire Woman". O disco trouxe algumas das canções mais populares do The Cult: "Sun King", "Edie (Ciao Baby)" e "Sweet Soul Sister". Infelizmente, seria o último a contar com o baixista Jamie Stewart (que sairia em 1990). Na turnê de promoção do disco, o baterista já foi Matt Sorum. Nela, eles dividiram palco com Aerosmith, Metallica e Mötley Crüe. No final de 89/início de 90, eles ainda fizeram uma turnê própria. Após fazerem um show em Atlanta, GA, em fev/90, o empresário da banda contou à Astbury que seu pai morrera de câncer. O resto da turnê foi cancelado com Stewart decidindo parar e ir morar no Canadá com sua esposa e Sorum indo se juntar ao Guns N'Roses. O grupo estava experimentando seu melhor momento em vendas, mas por trás da cena, havia muito abuso com drogas, Astbury havia tornado-se insano bebendo muito e destruindo quartos de hotéis, ele e Duffy viajavam separados para evitarem brigas e tudo só piorou com a notícia da saída de Stewart (ele estava cansado da vida na estrada e sentia que a amizade entre eles havia acabado). Bem, traição maior foi quando Matt Sorum saiu e a banda praticamente acabou. Sem banda e shows, Astbury resolveu montar um festival pioneiro (de 24 horas de duração) chamado "Gathering Of The Tribes", em L.A. e San Francisco (com artistas como Soundgarden, Ice-T, Indigo Girls, Queen Latifah, Iggy Pop, Charlatans, Cramps, Public Enemy) e com toda a renda para a Fundação de Proteção Indígena norte americana. Esse festival acabaria copiado por Perry Farrel (do Jane's Addiction) que criaria o famoso Lollapalooza em 91 (para raiva de Astbury).
Ainda em 1990, surgiu a caixa "Singles Collection: 1984-1990" (com 10CDs e raras canções tiradas de singles). Em 91, o diretor Oliver Stone ofereceu o papel de Jim Morrison em seu filme "The Doors" a Astbury que recusou (e que acabou na mão de Val Kilmer). Enquanto isso, Astbury e Duffy voltaram a compor juntos e gravaram demos com Todd Hoffman (baixo) e James Kottak (bateria). Entretanto, quando surgiu o momento de gravarem o novo álbum, recrutaram Curry novamente para a bateria e Charley Drayton para o baixo. A relação de trabalho da dupla Astbury/Duffy já não era mais a mesma e eles raramente se encontraram no estúdio durante essas sessões. O álbum resultante, "Ceremony", lançado em set/91, mostrou uma banda vítima de seu próprio sucesso. Se com "Sonic Temple" eles haviam finalmente conquistado sucesso em massa, após isto eles haviam penado. As coisas até começavam promissoras na faixa-título e na sequinte, "Wild Hearted Son", ambas clássicas canções do The Cult. Entretanto, as canções seguintes eram artificiais, anêmicas, com letras bobas e das piores já feitas por eles. Embora o fascínio de Astbury pelos nativos norte-americanos fosse nobre, exatamente ele era causa da maior parte dessas letras (eles ainda foram processados pela família do jovem indígena da capa sob alegação de exploração não autorizada de imagem). Soando como um AC/DC genérico ou uma banda "Hair Metal" de L.A., a queda ficou ainda mais clara na turnê que se seguiu pelos EUA/Europa onde eles foram tragados pelo artista que lhes abriu: um jovem e faminto Lenny Kravitz. As vendas foram baixas (nem perto das vendas dos três álbuns anteriores) e nos 3 anos seguintes Astbury procurou se desintoxicar, raspou a cabeça e reavaliou seu desejo de gravar música.
Em fev/93, saiu a compilação "Pure Cult" (a princípio um lançamento apenas no Reino Unido), a primeira reunindo seus hits. Surpreendentemente, mesmo sem qualquer expectativa, o CD virou nº. 1 nas paradas inglesas e foi à dupla platina, o que fez com que fosse lançado em outros países. Animados, a dupla Astbury-Duffy recrutou uma "backing band" (Michael Lee - bateria; Kinley Wolfe - baixo; John Sinclair - teclados) e partiu numa turnê mundial (o show de "warm-up" foi num pequeno clube em memória de Nigel Preston, que havia morrido aos 31 anos). Astbury promoveu uma versão inglesa do "Gathering Of The Tribes" (que contou até com o Pearl Jam). Lançaram a canção "Zap City" (da trilha do filme "Buffy, a Caça-Vampiros") e 2 volumes de remixes para "She Sells Sanctuary" chamados "Sanctuary Mixes MCMXCIII". Por volta do verão de 93, a banda despachou a "backing band" e recrutou nova seção rítmica com Craig Adams (baixista, ex-The Mission), Mike Dimkich (guitarra base) e Scott Garrett (bateria) para shows na Europa. Esta formação gravou "The Cult" (o disco da "cabra preta"), lançado em out/94. Com baixas vendas e resenhas pobres, o disco mostrou a banda tentando recapturar o pique e a excitação de seus primeiros trabalhos. É, mas tristemente os problemas da banda eram bem maiores do que apenas juntar uma competente base. Com um recobrado senso de sobriedade e espiritualidade, Astbury buscou combinar riffs da guitarra de Duffy com a nova paixão do cantor, a eletrônica. O resultado foi confuso e frustrante. Mesmo com Bob Rock na produção, canções como "Real Grrrl", "Be Free" e "Star", que evocavam o Cult dos bons tempos (embora com um tratamento moderno), ficavam prejudicadas com o pastiche do The Doors em "Joy" ou na salada de "Sacred Life". Nem ouvir a voz de Astbury limpa e cheia ajudava. Muito esforço e entusiasmo, mas baixa inspiração. Somente indicado para fãs tarados. A banda até começou uma turnê no inverno de 94 com uma formação aumentada (com James Stevenson na guitarra-base). Após uma turnê pela América do Sul, apesar de várias novas canções estarem sendo gravadas, demais shows foram cancelados (após um show no Rio, em mar/95) e a banda se separou alegando problemas internos.
Astbury formou uma banda de garagem chamada "Holy Barbarians" (que fez estreia em Londres, em fev/96 e lançou seu único álbum em mai/96). Na verdade, ansioso por encontrar entusiasmo, ele buscou sangue novo. A banda era formada por Patrick Sugg (da banda Punk de L.A., "Lucifer Wong"), Scott Garrett (baterista original do The Cult) e seu irmão, Matt Garrett (baixo). O quarteto se juntou em Liverpool e gravou "Cream", lançado pelo selo Beggars Banquet. Enquanto a voz de Astbury continuava a ser uma marca-registrada, demais raízes e semelhanças com o Cult mantinham-se (sofrendo com a ausência de Billy Duffy). Sugg era um guitarrista mais melódico e seu jeito de tocar acabava deixando as letras de Astbury ainda mais pretensiosas. Muito do disco era mais cadenciado, com um jeitão psicodélico e hipnótico. Nada memorável e mais indicado para fãs inveterados. O título era inspirado no famoso clube noturno "Cream", em Liverpool. Eles excursionaram por toda a América do Norte e Europa pelo resto de 96 e até começaram a compor repertório para um segundo álbum, mas Astbury dissolveu a banda e passou a escrever material para um álbum solo. Durante todo 97/98, ele ficaria gravando tal disco, originalmente intitulado "Natural Born Guerilla", depois chamado "High Time Amplifier" e que ficou sem lançamento até jun/2000, quando surgiu com o nome "Spirit/Light/Speed". Este disco cheio de letras místicas seria o que o Cult teria feito se estivesse na ativa. Claro que sente-se e muito a falta de Duffy, mas a linda e transcendental voz de Astbury, uma das mais bonitas do Rock inglês nos anos 80, se destacava.
(continua)
De Sonic Temple, que achei bem aquém do que a banda poderia soar, em diante, não conheço nada, nem me entusiasmei em pesquisar, pois o pouco que tinha contato me desagradava. Também desconheço a carreira solo de Astbury, mas pela resenha pode ser uma boa estudar um investimento.
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