quarta-feira, 12 de outubro de 2022

Tesouros perdidos

Black Merda - USA - 1970

Uau, que merda é essa? É sonzeira braba, que de merda não tem nada! Trata-se de um baita grupo surgido da erupção vulcânica da black music no início dos anos 70. Com origem em uma das mecas do gênero, a motorcity Detroit, no estado americano de Michigan, a banda poderia muito bem estar situada entre os gigantes daquele movimento, como Sly & the Family Stone e Funkadelic. Mas o mundo está longe de ser um lugar justo e a gigante gravadora do jazz e blues, Chess Records, de Chicago, não deu o devido valor ao quarteto. Com problemas de divulgação e distribuição seu sensacional álbum de estreia não decolou e a banda sucumbiu. Com o boom da música digital, o combo foi descoberto e sua qualidade foi, enfim, resgatada, ressurgindo em 2005, inclusive com gravação de novos discos. Mas este homônimo, de 1970 é um marco, uma pérola!



 Em 1970 Jimi Hendrix pontificava o mundo da música (não só do rock) com uma virada estilística que punha o soul e o funk na crista da onda. Uma avalanche de bandas seguia tal orientação. Foi quando surgiu o debut do Black Merda. O grupo, por sua vez, vinha das cinzas de um conjunto já bem conhecido no terreno mais pop da música negra, o Soul Angels. Fundindo blues, soul e funk com muita maestria e guitarras envenenadas com muito groove, a banda se intitulava a primeira genuinamente negra de rock, embora o tempero funky-soul fosse latente.

 A reverência ao mestre se tornou evidente não só nos timbres de guitarra, mas por ser uma das primeiras a fazer um cover de um dos clássicos de Hendrix. Foxy Lady saiu em single ainda em 1967 e não faz parte do álbum em questão. A propósito, a pronúncia do nome da banda remete a black murder, com a grafia em fonema, portanto, nada a ver com o significado da língua portuguesa. Pelo contrário, o som do grupo é muito bom. Eles chegaram a gravar um 2º álbum em 1971, igualmente sem qualquer sucesso. Já o álbum de 2009, Force of the Nature, obteve tardio reconhecimento para o grupo, que ainda anda por aí!



Um comentário:

  1. Pelas barbas do profeta! Que isto! Que nome doido! Nunca tinha ouvido falar, mas claro vou conferir com toda atenção. Incrível dica, brow.

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